São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Venda da CPFL devia ser adiada por um mês, afirma corretor
ANTONIO CARLOS SEIDL
A opinião é de Stephen Rose, 67, diretor e fundador da corretora Stephen Rose & Partners, de Londres, especializada no mercado de ações brasileiro. A corretora foi comprada pelo Unibanco em 96. Em entrevista à Folha, ontem, em São Paulo, Rose defende o adiamento por "uma mera medida de cautela". "Após qualquer crise financeira, os investidores congelam seus investimentos em mercados emergentes, adotando atitude de espera para ver se a crise terminou mesmo ou se a recuperação é apenas técnica." Rose disse que o interesse dos investidores estrangeiros pelo mercado brasileiro não vai diminuir por causa do crash global. Rose disse ter certeza de que a recuperação das Bolsas será mais rápida do que se espera. Afinal, disse ele, um dos ditados mais velhos do capitalismo reza que os mercados são feitos de medo e de ganância. Só que o medo é temporário; a ganância, permanente. A seguir, leia os principais trechos da entrevista. * Folha - O interesse dos investidores estrangeiros pelo mercado de ações brasileiro pode diminuir por causa do crash global? Stephen Rose - A curto prazo, sim. Mas os efeitos de um crash duram muito menos do que se pensa. O interesse pelo Brasil faz parte de uma estratégia irreversível de longo prazo. Não se pode fugir do fato básico de que as economias emergentes têm potencial para crescer entre 5% e 7% ao ano em comparação com taxas inferiores a 3% nos países desenvolvidos. Não vejo problema de longo prazo para o Brasil. A curto prazo, o crash pode afetar as próximas privatizações, como a da CPFL, devido à cautela dos investidores. Folha - O sr. acha que a privatização da CPFL deveria ser adiada? Rose - Sim, deveria ser adiada por, pelo menos, 30 dias. Folha - Por quê? Rose - Porque os investidores vão reavaliar as estimativas sobre quanto o governo vai arrecadar com a privatização. A reação da maioria dos investidores nos mercados emergentes é congelar tudo após um crash. Não vende, mas também não compra. Folha - Os prejuízos à privatização seriam então passageiros? Rose - Sim, porque empresas industriais respondem pela maioria das privatizações. Trata-se de capital de longo prazo. São grandes empresas de eletricidade, telecomunicações e de infra-estrutura da França, EUA e Espanha que estão interessadas em investimentos a longo prazo no mercado brasileiro, um dos com maior potencial de crescimento no mundo. O problema é de curto prazo devido ao trauma causado pelas quedas recordes de segunda-feira. O programa de privatização do Brasil vai continuar a ser um sucesso. Os fundamentos do Plano Real são sólidos.. Texto Anterior: Para Mendonça de Barros, país "não pisca" no câmbio Próximo Texto: Data não muda, diz secretário Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |