São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997
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Sai o acordo entre FMI e Argentina

LÉO GERCHMANN
DE BUENOS AIRES

A instabilidade nas Bolsas levou a Argentina a antecipar para ontem a assinatura de um acordo inovador com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Pelos termos do documento, definido como "reformas de segunda geração", o país terá de assumir até mesmo compromissos de transparência judicial e orçamentária, o que é uma novidade.
O acordo, anunciado estrategicamente depois das eleições legislativas, deveria ter sido fechado provavelmente em dezembro.
A crise geral nas Bolsas ocorrida nos últimos dias, porém, apressou os entendimentos do governo Menem com a direção do fundo.
Segundo o documento, que foi definido com a viagem a Washington do secretário da Fazenda, Pablo Guidotti, e do subsecretário de Finanças, Miguel Kiguel, a Argentina terá direito a assistência imediata de US$ 1 bilhão, caso a Bolsa de Valores volte a cair. Essa garantia, de acordo com o governo, ajudará a manter a confiança dos investidores nas finanças e na solidez econômica do país.
O acerto foi concretizado em Washington entre os dois representantes da Argentina e o diretor do FMI Stanley Fisher, que confirmou seu "apoio incondicional" ao modelo econômico argentino de paridade com o dólar.
Além da transparência judicial e orçamentária, o FMI exigiu uma "racionalização do gasto social", que significa, entre outras coisas, fazer uma reforma tributária e flexibilizar as relações de trabalho.
Bolsa
Mesmo com o anúncio do acordo com o FMI, a Bolsa de Buenos Aires voltou ontem a cair.
O Índice Merval fechou em queda de 3,67%, depois de muitas oscilações durante toda a tarde. Isso voltou a deixar intranquilos os investidores, que haviam se acalmado depois da alta 6,05% terça.
Apesar de não se comparar à queda de 13,73% na segunda-feira, a baixa de ontem deixou os setores financeiros do país em alerta.
Segundo o presidente da Bolsa de Buenos Aires, Julio Macchi, a queda livre de segunda-feira não vai se repetir. "O que ocorreu hoje (ontem) é natural. Nós não deixamos de ficar alertas depois da alta de ontem (anteontem). O mercado internacional está ditando a situação, mas volto a garantir que a Argentina tem reservas suficientes, uma economia segura e um sistema financeiro muito forte", disse.

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