São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997
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Perfil é conservador

DE WASHINGTON

Greenspan, 71, acorda muito cedo, às 5h30, e passa duas horas na banheira, uma terapia que adotou a conselho médico há 25 anos para dores crônicas nas costas. "É o meu período de maior produtividade."
Depois, passa o dia inteiro no trabalho, lidando com a macroeconomia do país. À noite, dizem os amigos, Greenspan se transforma num homem que sabe aproveitar a vida como poucos, da boa música à boa comida.
Seu charme pessoal deve ser realmente grande. Nada mais explicaria o fato de esse economista conservador, que foi conselheiro de Richard Nixon, Gerald Ford e Ronald Reagan e colocado na Presidência do Federal Reserve (Fed) por George Bush ter se convertido num aliado político fundamental para o êxito de Bill Clinton.
No seu escritório, ele exibe com destaque uma foto em que aparece com o atual presidente com uma dedicatória: "Alan, aqui você aparece apontando para a esquerda: uma nova direção para você?".
Não. Greenspan não se moveu para a esquerda depois que Clinton assumiu o poder em 1993 nem por isso deixou de ser reconduzido ao cargo pelo presidente.
Clinton, aliás, não chega a ser um esquerdista. Mas, ainda que não compartilhe do pensamento econômico mais conservador, o atual presidente sabe que Greenspan no comando Fed (que nos EUA é independente do governo) é uma âncora firme para qualquer política macroeconômica.
Os dois formam um estranho casal. Clinton diz que gosta da relação com Greenspan e que o fato de o Fed ser independente faz com que essa relação seja a mais honesta possível.
O presidente do Fed dá poucas entrevistas. Seu diálogo com o público se dá nos periódicos relatórios sobre a economia que profere no Senado.
Essas sabatinas com os senadores são aguardadas como se fossem a palavra de um oráculo. Há especialistas em interpretar a entonação de voz ou os sorrisos de Greenspan como indícios de que alguma nova política financeira poderá ser adotada por ele.

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