São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997
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Abrapp nega perda dos fundos de pensão

WALTER WIEGRATZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Abrapp (Associação Brasileira de Entidades Fechadas de Previdência Privada), Nelson Rogieri, negou ontem que os fundos de pensão tenham perdido US$ 4 bilhões com a quebra da Bolsa.
Rogieri afirmou que "os fundos de pensão aproveitaram a oportunidade para comprar ações por preços baixos, e não sofreram prejuízo". Segundo ele, só perderam aqueles que quiseram realizar posições e os especuladores.
"A perda ocorreria se os fundos de pensão, que possuem um patrimônio de US$ 78,86 bilhões com aproximadamente 50% desse valor aplicado em renda variável, tivessem realizado suas posições, isto é, vendido ações em vez de comprar", afirmou.
Nesse caso, com a queda de 9,51% acumulada em três dias, o prejuízo atingiria de fato os US$ 4 bilhões, disse.
Estima-se que os fundos tenham comprado US$ 240 milhões em ações na terça-feira. Isso corresponde a 20% dos negócios fechados no dia. Só a Previ, do Banco do Brasil, comprou algo em torno de US$ 120 milhões.
"Essas crises normais na economia não afetam resultados a longo prazo. Como há recursos líquidos, os fundos compram. Se eles não salvaram a Bolsa, pelo menos ajudaram em sua recuperação", disse Mizael Matos Vaz, presidente do Instituto Cultural de Seguridade Social.
Ontem, os fundos de pensão desmentiram o suposto boato de que o governo havia sinalizado para a compra de papéis.
BNDESPar
A BNDESPar (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Participações), subsidiária do BNDES, comprou durante o período entre quinta-feira passada e ontem cerca de R$ 60 milhões em ações, segundo Durval Soledade, diretor da empresa.
Anteontem, segundo ele, a estatal comprou apenas cerca de R$ 9 milhões de ações da Petrobrás, Telebrás e de outras empresas.
O número, de acordo com Soledade, desmente as informações de que a BNDESPar teria entrado comprando a mando do governo para levantar os índices das Bolsas.
"Não somos e não pretendemos ser o Banco Central do mercado de ações", disse Soledade em alusão ao papel regulador que o BC tem nos mercados de câmbio e de taxas de juros.
Soledade disse que seria uma atitude suicida a BNDESPar entrar no mercado comprando grandes quantidades.
Segundo ele, isso daria aos operadores a percepção de que ela estava realmente operando para elevar os índices e faria com que eles buscassem tirar proveito dessa ação, elevando os preços dos papéis para ganhar em cima da estatal.
Soledade disse que, no caso da Telebrás, a BNDESPar vendeu opções de compra para fevereiro de 98 a R$ 120,00 por ação e não seria normal se ela não entrasse comprando quando o papel estava a R$ 105,00.

Colaborou a Sucursal do Rio

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