São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997
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Perdas com inadimplência vão a 9,34%

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

O índice que indica perdas do comércio e das instituições financeiras com a inadimplência (atraso no pagamento do crediário) voltou a subir em setembro, segundo a Servloj, empresa especializada em crédito direto ao consumidor.
Esse indicador, que mede os atrasos de pagamento acima de 180 dias, alcançou 9,34% em setembro, contra 8,90% no mês anterior e 5,60% em igual período de 1996.
Os atrasos de 1 a 30 dias também cresceram, de 29,83% para 30,30%, mas Oswaldo de Freitas Queiroz, diretor-geral da Servloj, afirma que esse indicador oscila muito e pode ser influenciado até pelo número de dias úteis de um mês.
O atraso acima de 180 dias reflete melhor a situação real da inadimplência, explica Queiroz, porque aponta o resultado final após seis meses de tentativas de receber a dívida.
O diretor da Servloj prevê alta do índice acima de 180 dias até novembro, com estabilidade e queda a partir daí. Os 9,34% de setembro referem-se a prestações vencidas em março de 1997.
Prazos
O crescimento desse índice nos últimos meses era previsto, segundo Queiroz, porque houve alongamento de prazos do crediário entre o final de 1996 e o início de 1997. "Prazo maior sempre traz risco maior", diz ele.
A partir do segundo trimestre deste ano, afirma o diretor da Servloj, comércio e instituições financeiras passaram a calibrar melhor suas políticas de crédito, o que deve aparecer no índice de inadimplência acima de 180 dias só no próximo ano.
"O perfil das compras efetuadas de junho para cá melhorou", diz ele, citando, por exemplo, o valor médio das prestações, que caiu porque as lojas começaram a exigir uma entrada maior.
O prazo médio dos financiamentos de eletrodomésticos, que chegou a 11 meses no final de 1996, ficou em 6,77 no mês passado.
Esse segundo choque da inadimplência é diferente do primeiro, ocorrido após o Real, avalia Queiroz.
Em 1995, lembra ele, tanto os consumidores quanto os credores foram surpreendidos pela estabilidade. Houve também o efeito do aperto na política monetária depois de março.
Depois, a inadimplência caiu, mas, como a oferta de crédito cresceu e os prazos foram alongados, os atrasos voltaram a aumentar. As políticas de crédito só agora se ajustam à nova realidade, afirma o diretor da Servloj.
O levantamento da empresa, que movimenta R$ 450 milhões em 750 mil contratos em andamento, mostra que, no índice médio de 9,34%, a Grande São Paulo aparece com 7,34%, e a região Sul do país, com 11,94%.

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