São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997
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Carro a prazo sobe na semana que vem

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Comprar carro a prazo vai ficar mais caro nos próximos dias. A afirmação é de Marcos Moya, presidente da Anef, a entidade que reúne as instituições financeiras das montadoras.
Por enquanto, os bancos ligados às fábricas -responsáveis por cerca de 50% das vendas financiadas- decidiram não mexer nas taxas. Até o final desta semana pelo menos, garante Moya, o consumidor poderá financiar a compra do carro com as taxas em vigor antes da crise das Bolsas.
Moya não arrisca prever o percentual de alta dos juros no financiamento de veículos. Mas garante: a taxa atual não passa do próximo final de semana.
Nova tabela
A Folha apurou que os bancos das montadoras já preparam a divulgação de novas tabelas para o meio da semana que vem, com aumento médio de 0,80 ponto percentual na taxa de juro.
Ou seja: uma taxa mensal de 2,8% saltaria para cerca de 3,6% a partir da próxima quarta-feira.
"O custo do dinheiro vai aumentar após essa crise", diz Luiz Carlos Andrade, diretor da Anef e do Banco GM. "O mercado vai se estabilizar em um patamar mais alto."
Segundo balanço da Anef, a maior parte dos bancos estava operando com financiamento de veículos ontem à tarde, depois da paralisação do mercado ocorrida na terça-feira.
Boa parte das instituições financeiras não ligadas às fábricas voltou a fazer financiamentos com as taxas anteriores. Apenas dois bancos divulgaram tabela com taxas maiores, disse o presidente da Anef.
"Algumas instituições tentaram aumentar as taxas, mas tiveram de recuar quando os bancos das montadoras decidiram manter o mesmo nível de juros", afirmou Moya.
Ritmo de consumo
Segundo Moya, a decisão de elevar os juros vai depender do ritmo de consumo dos recursos já contratados pelas instituições.
"Com a saída das outras instituições, os negócios do Banco Volkswagen dobraram na terça-feira", disse Moya, que também é diretor do banco.
Na Fiat, GM e Ford, o volume de contratos de financiamento fechados permaneceu estável.
"'Nenhum consumidor deixou de comprar carro hoje (ontem) por falta de financiamento", disse Paulo Pires Simões, presidente da Assobrav, a associação dos revendedores Volks.
Mas Simões disse que houve uma diminuição no movimento das lojas. "O cliente também está fazendo contas."
Oportunidade
Para atrair o consumidor e convencê-lo a comprar o carro financiado antes do novo aumento das taxas, o Banco GM saiu na frente. Lança a partir de hoje campanha publicitária nos jornais, onde afirma que "o financiamento Chevrolet continua o mesmo, com as mesmas taxas".
O Corsa "popular", por exemplo, que custa à vista R$ 11.600, podia ser financiado ontem na rede GM, em São Paulo, em 36 parcelas de R$ 586 pelo leasing (aluguel com opção de compra) prefixado. Mas não por muito tempo.
As concessionárias das várias marcas voltaram a vender carros a prazo ontem. A revenda Primo Rossi, da rede Volkswagen, que havia ficado parada na terça-feira, voltou a operar com todas as financeiras. A Projeto 1, da Fiat, preferiu vender carros financiados com recursos próprios.

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