São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997
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Aperto de instituições faz a Bovespa desabar de novo

Ibovespa cai 6,02%, enquanto juros e dólar futuros avançam

LUIZ CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado financeiro encerrou o dia de ontem sob forte nervosismo: juros e dólar futuro fecharam no nível mais alto, enquanto a Bolsa de São Paulo, depois de chegar a cair 9%, registrava no fechamento desvalorização de 6,02%, "queimando" a alta do dia anterior.
Nas mesas de operações, uma onda de rumores sobre a falta de caixa de instituições financeiras contribuiu para aumentar a agitação -e ampliar a queda das cotações nas Bolsas de Valores.
A explicação corrente entre os operadores é que muitas corretoras e bancos estavam precisando vender ações para ter dinheiro em mãos e saldar seus compromissos.
Parte considerável desses compromissos diz respeito a prejuízos que essas instituições tiveram tanto no mercado interno como também no de Nova York. No último caso, o prejuízo aumentou ontem com a queda de 8% dos títulos da dívida brasileira.
Os fundos de investimentos também precisaram vender ações em grande quantidade para fazer frente ao grande volume de resgates.
Com o mercado financeiro brasileiro precisando reequilibrar seus ativos e passivos, a alta de 18,8% da Bolsa de Hong Kong e o bom desempenho dos mercados europeus foram insuficientes para pôr fim à instabilidade local.
A expectativa em torno do discurso do presidente do Banco Central norte-americano, Alan Greenspan, acabou se mostrando exagerada: ele não disse nada de novo, ou seja, não sinalizou nenhuma alta dos juros por lá -e mesmo assim a situação se agravou por aqui ao longo do dia.
Após o discurso, a Bolsa paulista pareceu que decolaria -subiu 3%, no melhor momento do dia, seguindo a alta de Nova York.
Quando o mercado nova-iorquino de ações fraquejou, o daqui veio abaixo. No fechamento, Nova York ficou praticamente estável, com alta de apenas 0,11%.
Dessa vez o Banco Central não vendeu dólar nem títulos cambiais, e a cotação do comercial recuou por conta da enxurrada de moeda norte-americana da terça-feira, quando o BC vendeu cerca de US$ 5 bilhões, segundo estimativas de bancos e corretoras.
No mercado futuro de dólar, que reflete a expectativa dos investidores para a desvalorização do real, a situação foi bem mais complicada.
A cotação do dólar para o dia 1º de dezembro fechou a R$ 1,118, projetando uma correção do câmbio de 1,2% para novembro. No início da semana passada, essa taxa era de aproximadamente 0,8%.
Acompanhando o nervosismo do dólar, os juros voltaram a subir no período da tarde. O custo dos empréstimos de um banco a outro subiu a 33% ao ano. Durante a manhã, essa taxa era de 24,7%.
O IBV, índice da Bolsa do Rio, fechou ontem em baixa de 3,5%, com um volume total de negócios de R$ 33,33 milhões movimentados em 312 operações. O mercado carioca começou o dia calmo, mantendo uma tendência positiva pequena até o começo da tarde, quando essa tendência começou a se reverter, impulsionada por boatos de quebradeira de instituições.

Colaborou a Sucursal do Rio

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