São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997
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Dona-de-casa adia compra de TV

MARCELO MONTEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A dona-de-casa Sônia Regina de Oliveira, 44, nunca aplicou na Bolsa de Valores e não possui qualquer tipo de aplicação financeira. Nem caderneta de poupança. Mas a queda registrada esta semana nas Bolsas de Valores de todo o mundo afetou a vida de Sônia.
Decidida a comprar um aparelho de TV de 20 polegadas com videocassete, a dona-de-casa preferiu adiar por um mês a compra.
Para Sônia, o comércio sofrerá os efeitos da queda nas Bolsas e deverá aumentar os preços dos produtos. A dona-de-casa, que possui o segundo grau completo, diz que não compra a prazo, com receio de não conseguir arcar com as prestações.
Ontem à tarde, Sônia andava sob um sol de 31 graus Celsius no centro do Rio, com uma pequena toalha em uma das mãos para enxugar o suor, pesquisando os preços do televisor.
"Quero saber quanto está custando hoje para poder comparar daqui a um mês", disse.
Segundo a dona-de-casa, o aparelho de TV com videocassete que quer comprar está com preço em torno de R$ 600.
Viúva, a dona-de-casa costura e recebe ajuda dos sete filhos para reforçar a pensão de cerca de R$ 300 que recebe do governo do Estado do Rio.
Sônia guarda em casa todo o dinheiro que recebe. A dona-de-casa decidiu encerrar uma caderneta de poupança após o bloqueio dos saldos em 1990, com o Plano Collor.
A dona-de-casa se considera uma das vítimas do plano porque teve que abandonar o projeto de abrir um bar, em sociedade com uma amiga.

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