São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997
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Montadora garante crédito para carro

DA REPORTAGEM LOCAL

Os bancos das montadoras foram responsáveis pelo financiamento de quase todos os carros vendidos a prazo ontem pelos revendedores de veículos.
As linhas de crédito dos bancos Volkswagen, Fiat, GM e Ford operaram com as mesmas taxas e prazos em vigor antes da crise das Bolsas. Segundo concessionárias ouvidos pela Folha, nenhum consumidor deixou de comprar carro por falta de financiamento.
Parte das instituições financeiras não ligadas aos fabricantes, e que opera na concessão de crédito para a compra de veículos, voltou ao mercado ontem.
Alguns bancos, como o Finasa, mantiveram as taxas anteriores. Outros, como o BBA, divulgaram nova tabela, com altas entre 0,25 e 0,50 ponto percentual, dependendo da concessionária. Mas nos dois casos, o volume de contratos negociados por esses bancos foi reduzido, segundo os revendedores.
Juro mais alto
A partir da semana que vem, os bancos das montadoras também devem divulgar nova tabela, com taxas de juros mais altas para o financiamento dos carros.
O Banco Volkswagen informou ontem que as reservas da sua tesouraria somente permitem a manutenção do crédito com as atuais taxas por mais dois dias -hoje e segunda-feira.
A partir da terça-feira, financiar o automóvel pelo Banco Volkswagen vai ficar mais caro. O índice de alta ainda não está definido, mais deve ficar em torno de 0,8 ponto percentual.
A decisão da Volkswagen deverá ser seguida pelas demais marcas durante a semana.
Efeitos da crise
O presidente da Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores), Silvano Valentino, disse ontem ainda não dispor de informações que permitam avaliar os efeitos da crise nas montadoras de automóveis.
Valentino disse não descartar a hipótese de que as vendas possam cair. Neste caso, com as montadoras produzindo menos, estariam neutralizados os esforços para que, por meio de uma escala crescente de produção, os automóveis ficassem mais baratos.
O Brasil produziu nos últimos 12 meses 2.050.000 veículos. A previsão era de fechar 1997, de janeiro a dezembro, com 2,1 milhões.
A queda mundial das Bolsas poderá ter efeitos positivos, disse Valentino.
A seu ver, a médio e longo prazo quem tem poder de decisão na economia globalizada deverá operar com critérios mais refinados, o que representará "vantagens para o Brasil e para o Mercosul".
Para ele, o Brasil preserva muitas das vantagens que tradicionalmente possui sobre outras economias emergentes, como um parque industrial mais antigo e uma cultura de produção mais arraigada, uma economia conduzida em grande parte por brasileiros e um "governo moderno".
Disse por fim ser possível que não se atraia tanto capital estrangeiro quanto o previsto, até há alguns dias, para participar do processo de privatizações.

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