São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997
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Conferência acaba sem medidas concretas

IRINEU MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A OSLO

A Conferência Internacional sobre Trabalho Infantil terminou ontem em Oslo (Noruega) com a aprovação de uma agenda de ação genérica e sem detalhar medidas concretas de combate à exploração de crianças.
A agenda não definiu, por exemplo, o conceito de formas "intolerantes" ou "extremas" de trabalho, citadas como prioridade nos programas de combate.
Durante os quatro dias da conferência, que reuniu representantes de 40 países, a prostituição infantil, o trabalho escravo e a pornografia foram tratados como as principais formas extremas de trabalho, mas o relatório aprovado não cita essas expressões.
O governo e as entidades que representaram o Brasil não trazem de Oslo nenhuma experiência ou idéia relevante a ser colocada em prática. "Desse ponto de vista, nós trouxemos mais idéias do que estamos levando", disse a primeira-dama Ruth Cardoso.
Caio Magri, 42, da Fundação Abrinq, disse que o resultado do encontro para o Brasil foi "frustrante". "A conferência deixou muito a desejar", afirmou. "Perdemos tempo discutindo se somos a favor ou contra o combate ao trabalho infantil. Isso é um assunto superado", disse.
Organizações não-governamentais do México, Nicarágua e Senegal levaram adolescentes à conferência para defender o direito das crianças ao trabalho.
O argentino Emilio Garcia Mendez, 47, assessor regional do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) na América Latina e Caribe, criticou o comportamento dessas entidades."Isso mostra a diferença da situação do trabalho infantil entre os países", disse.
Para o ministro do Trabalho, Paulo Paiva, a conferência foi "mais um passo" na busca de alternativas."Tem que se levar em conta o contexto internacional. Por isso não se pode avaliar se o resultado da conferência ficou aquém do esperado", disse.
Representantes dos governos e entidades sindicais descartaram a realização de boicotes comerciais como punição, mas isso também não é esclarecido no documento final. Somente Brasil e o Paquistão apresentaram na conferência relatórios documentando a situação local do trabalho infantil.

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