São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997 |
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Empresa define mundo global
MARTA SALOMON
A SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) traçou três tendências para o cenário internacional, que variam de uma espécie de paraíso da integração dos mercados ao inferno da exclusão. Em todos os cenários, as grandes empresas transnacionais são apontadas como principais agentes do mundo globalizado, podendo inclusive levar ao enfraquecimento dos Estados ou, num caso mais extremo, à exclusão das populações ou países mais pobres ou mais fracos. Nesse aspecto do comportamento das grandes corporações, o cenário mais otimista aparece associado ao fortalecimento do papel do Estado "como gestor estratégico" da própria integração dos mercados. Trata-se de um cenário intermediário para o mundo na primeira parte do próximo milênio. Nele, vários blocos de integração regional interagem, sem a presença de uma potência hegemônica que domine a economia global. Documento preparado pela SAE diz que as formas de integração vão exigir "pacientes negociações de interesses" e destaca o relacionamento do Mercosul (Mercado Comum do Sul), no qual integram a Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, com a futura Alca (Área de Livre Comércio das Américas), que pode acabar com as barreiras econômicas do continente. Outro aspecto desse cenário intermediário, associado ao fim da hegemonia dos EUA, é a possibilidade de surgimento de outras redes de comunicação, como a Internet, onde predomina a língua inglesa. Nessas "infovias" regionais, até o português poderia ter seu lugar. Padrão global A descaracterização das culturas nacionais é um dos riscos do cenário de integração mundial sob hegemonia dos Estados Unidos, batizada pela SAE de "unipolar". Este cenário é marcado pelo grande fluxo financeiro e pela difusão de processos tecnológicos. Os "cérebros" das empresas transnacionais, instalados em centros "nevrálgicos" do planeta, controlam a estratégia nos mercados emergentes, o "corpo" do sistema, com grande repercussão sobre as condições de emprego no planeta. Um terceiro cenário, catastrófico, é marcado por rivalidades e chamado de "inferno da fragmentação". Ele aparece quando as empresas transnacionais, fundidas em grandes corporações, assumem o poder no mundo. A exclusão social, causada pelo desemprego, atingiria tanto os países industrializados quanto os países em desenvolvimento. Texto Anterior: Governo aponta os riscos da globalização Próximo Texto: Secretaria usou nome indígena Índice |
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