São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
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Atendimentos aumentaram

AURELIANO BIANCARELLI; LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

A derrubada dos manicômios não só humaniza a assistência ao doente mental como permite o atendimento de até 15 vezes mais pessoas, com os mesmos recursos. A tese é do movimento SOS Saúde Mental, ONG que participou da implantação dos "serviços substitutivos" aos hospitais psiquiátricos em São Paulo.
Um estudo comparou 1989, ano em que os serviços começaram a ser implantados, com 1992. Em 89, existiam 22 hospitais psiquiátricos em São Paulo, com 23 mil internações por ano. Nesse ano, a prefeitura criou 227 serviços substitutivos, como hospitais-dia, centros de convivência, cooperativas de trabalho e internação de curta permanência em hospitais gerais. Em 92, os hospitais tinham sido reduzidos a 14 e 160 mil pessoas tinham sido atendidas nos serviços.
O psiquiatra Nacile Daud Júnior, do SOS Saúde Mental e pesquisador do Instituto de Saúde, diz que a internação em hospitais gerais reduz para um quarto a permanência do doente.
"Vamos precisar de apenas um quinto dos leitos", afirma. O país tem hoje 62 mil leitos psiquiátricos, contra 95 mil em 89.
Segundo Daud, os serviços substitutivos estão permitindo maior integração do paciente, com melhor e mais rápida recuperação.
O modelo antimanicômio parte do princípio que enfermarias psiquiátricas em hospitais gerais diminuem os riscos para o paciente, que pode ser atendido por todas as especialidades. "Os hospitais psiquiátricos ainda hoje respondem por 1.200 mortes por ano no Brasil", diz Daud. Segundo estudo do SOS, as mortes não seriam decorrentes da doença mental, mas provocadas pela tensão da internação, a separação da família, maus tratos e o uso de eletrochoques.
A campanha pela reforma psiquiátrica será debatida no 3º Encontro Nacional do Movimento de Luta Antimanicomial, que acontece na próxima semana em Porto Alegre. Cerca de 1.500 "militantes" de 17 Estados e 500 municípios são esperados.
(AB e LM)

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