São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997 |
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Autor revela formação de compositor
DA SUCURSAL DO RIO Em suas pesquisas, o arquiteto Nireu Cavalcanti encontrou no Arquivo Nacional a fonte do aprendizado musical do padre mulato José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), o maior compositor do Rio do século 18.A vida do pianista e compositor padre José Maurício -filho de um militar branco e uma mulata mineira-, que nasceu livre, escondia um mistério: como ele obteve sua formação musical? A maior biógrafa do padre, Cleofe Person de Mattos, autora de dois livros sobre o compositor de obras sacras, fez um levantamento de sua vida e sua obra -e cita apenas que ele havia sido aluno "de Salvador". Ao cruzar dados de cartórios e outros documentos, Cavalcanti identificou Salvador. Morto em 1799, era o mulato Salvador José de Almeida e Faria, dono de uma escola de música e fabricante de instrumentos musicais. "Esse professor era o mais importante de música na cidade, tinha partituras de grandes músicos e dos maiores compositores que viveram em Portugal", diz. Segundo o arquiteto, o acervo de partituras de Salvador "não deixava nada a desejar ao Conservatório de Lisboa". "Essa informação é novíssima", afirma Maria de Lourdes Viana Lyra. Alforria Sem a sorte de nascerem livres, como o mestre Valentim, muitos mulatos que se destacaram profissionalmente no Rio colonial, como o pintor Manoel da Cunha e Silva (1744-1807), trabalharam duro pela alforria. Cavalcanti conta que, como Cunha e Silva era talentoso e valorizado, teve que se adequar à lei de mercado e "comprar caríssimo" a sua alforria, por 400 mil réis. O pintor só reuniu essa quantia -suficiente na época para comprar uma casa de sala, dois quartos e cozinha, em um bairro periférico- aos 35 anos. Um escravo como os que trabalhavam nas lavouras valia cerca de 120 mil réis. Para ele, Manoel da Cunha e Silva era "o pintor mais importante do Rio nesta época". Tanto que, quando a Câmara Municipal quis homenagear o ex-governador Gomes Freire, convidou Silva para pintar um quadro do político. Texto Anterior: Movimentos negros preparam campanha Próximo Texto: Mercosul poderá fazer perfil da população Índice |
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