São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997 |
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Mercosul poderá fazer perfil da população
FERNANDA DA ESCÓSSIA; LÉO GERCHMANN
"O objetivo é ter questionários semelhantes para que, depois dos censos nacionais, possamos juntar dados e conhecer o conjunto da população da comunidade econômica", afirmou Alicia Bercovich. Ela disse que o IBGE está em contato com os institutos de estatística dos outros países que formam o Mercosul para comparar os questionários e padronizar perguntas básicas. Segundo Alicia Bercovich, não há muitas diferenças nos questionários, porque todos os países obedecem aos princípios da ONU (Organização das Nações Unidas) para realização de censos demográficos e populacionais. O Censo 2000 vem sendo chamado de "Censo do Milênio", e a ONU tem recomendado aos países um planejamento especial das ações do recenseamento. Será o 11º censo já realizado no Brasil. Outra mudança será avaliada no teste de novembro do censo: a substituição da expressão "chefe de família" por "pessoa de referência", para identificar o principal produtor de renda na família. Na reunião com o Comitê 2000, representantes de entidades feministas alegaram que a expressão "chefe de família" é machista. A mudança já foi feita nas pesquisas por amostragem de domicílios. A inclusão de novos termos reflete o avanço, no Brasil, da onda "politicamente correta" vinda dos EUA, onde o movimento negro impôs a troca da expressão "negro" por "afro-americano". O teste do censo também incluirá perguntas mais detalhadas sobre os deficientes físicos, para facilitar a definição de políticas de saúde pública. O Comitê 2000 enviará cartas a entidades representantes da sociedade civil e fará novos encontros para receber sugestões para os novos questionários. Será elaborado um manual de instruções para os recenseadores, explicando como fazer perguntas à população e como esclarecer dúvidas. Na Argentina, não houve a preocupação de fazer qualquer pesquisa referente às raças presentes em sua população no último censo, realizado em 91. Segundo os dados existentes, a população de cerca de 35 milhões de pessoas é composta por 95% de brancos, 4,5% de mestiços entre brancos e índios, e 0,5% de índios mapuches, collas, tobas, matacos e chiriguanos. Não há, portanto, segundo os dados oficiais, a presença de negros na Argentina. (FERNANDA DA ESCÓSSIA) Colaborou LÉO GERCHMANN, de Buenos Aires Texto Anterior: Autor revela formação de compositor Próximo Texto: Mulatos já tinham relevância no Rio do século 18, diz tese Índice |
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