São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
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Efeitos do choque de juros

Perdem
Atividade econômica - empresas devem adiar planos de investimento, à espera de uma definição da política monetária. A grande dúvida é por quanto tempo os juros permanecerão tão elevados
Emprego - menos investimentos das empresas significam menos geração de empregos. Manutenção de taxas de juros elevadas por muito tempo aumentará os custos das empresas, gerando demissões
Dívida pública - o governo passará a pagar mais caro quando for tomar dinheiro emprestado, o que precisa fazer toda semana. O governo tem hoje cerca de R$ 210 bilhões em títulos no mercado, que precisam ser renovados periodicamente. Os juros desses títulos vão subir
Dívidas em geral - todos os empréstimos ficam mais caro. Financiamentos vinculados a juros não fixos, como os da casa própria, também se tornam mais difíceis de pagar
Privatizações - o governo trabalha na privatização de setores fundamentais como telecomunicações, energia elétrica e bancos, com o objetivo de atrair capital externo e melhorar as contas públicas. O programa, agora, está prejudicado com a desvalorização das empresas nas Bolsas e o aumento do grau de incerteza quanto à economia brasileira
Reeleição de FHC - governo deve entrar no ano eleitoral de 98 com menos perspectiva de crescimento e mais insegurança na área econômica. Oposição ganhou um discurso, contra a política de juros

Ganham
Poupadores - são os grandes beneficiados. Quem tem alguma sobra de dinheiro aplicado em bancos terá uma grande elevação em sua remuneração. Raciocínio vale para cadernetas de poupança, fundos de investimento, CDBs etc.
Ingresso de dólares - os investidores externos que buscam lucros rápidos e fáceis nos mercados de renda fixa têm um grande estímulo para não deixarem o Brasil agora e até aumentarem suas aplicações no país
Balança comercial - exportações tendem a crescer, porque os exportadores devem antecipar suas operações e aplicar o dinheiro no mercado financeiro doméstico. As importações, com o desaquecimento econômico, caem
Controle da inflação - já em queda, inflação perde ainda mais oxigênio com a alta dos juros. Além disso, governo mostrou que usará todas as armas disponíveis para evitar uma desvalorização do real
Reformas - indefinidas no Congresso, ganham mais argumentos a seu favor. Governo deverá usar o choque de juros para demonstrar que, sem mudanças na Constituição, a estabilização dos preços pode ser muito mais dolorosa

Indefinidos
Sistema financeiro - mercado foi sacudido por boatos a respeito da saúde financeira de bancos e corretoras, todos negados pelo governo. Aparentemente, o BC vai atuar para evitar que turbulências no sistema possam agravar o quadro de incertezas
Captadores de dinheiro no exterior - empresas que têm acesso a crédito externo saem, em tese, beneficiadas com o aumento da diferença entre os juros internos e os internacionais. Mas o crédito no exterior pode se retrair com a crise nas Bolsas e o aumento da insegurança quanto ao Brasil

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