São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
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Operadores têm 15 minutos de fama

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Retrato vivo da tensão dos pregões, os operadores das Bolsas de Valores tiveram seus 15 minutos de fama na semana passada.
Suas fotos foram estampadas nos jornais, a rotina de trabalho mudou -agora, eles operam das 12h às 18h; antes, das 10h às 17h-, o horário da refeição foi para o espaço e começou o medo de perder o emprego devido à crise de liquidez que se anuncia.
"Consigo sentir o coração no dedo", diz, já quase sem voz, o operador autônomo Gerardo Guimarães, no pregão há 12 anos.
"A adrenalina está lá em cima", afirma o operador Renato Francisco do Nascimento, 29, oito deles na Bolsa. "Nunca vi nada igual."
A insônia e a falta de apetite (quem consegue ter fome com a Bolsa caindo 22,17% na semana?) também passaram a integrar a rotina desses "experts" em negociar ações aos gritos nos pregões.
"A gente fica preocupado, vai dormir tarde, acompanhando o mercado nos outros países", conta o operador Armando Luz, 33.
O cansaço também cresceu, diminuindo o charme de uma profissão que tem salários estimados entre R$ 1.000 e R$ 5.000 (ninguém revela quanto ganha).
"Após seis horas ininterruptas de pregão, a gente mal acha a porta da saída", diz Alexandre Ramos, 26, da corretora Votorantin.
Welson Utuari, 28, da corretora Comercial, diz que já sente saudades do horário de almoço -até a terça-feira passada, o pregão parava das 13h30 às 14h30. "Era a nossa hora de descanso, de descontração. Agora, é só tensão."
A queixa de Ricardo Milfont, 32, 15 de Bolsa de Valores, é quanto à falta de parâmetros para operar. "Não dá para confiar em nada, só no 'feeling'."

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