São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
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As vítimas dos EUA

HAROLDO CERAVOLO SEREZA
DA REDAÇÃO

Frequentemente associados a agentes do imperialismo, os norte-americanos também produziram seus comunistas.
"A Intentona em Nova York", escrito pela historiadora Elizabeth Cancelli, que acaba de ser lançado pela Editora da Universidade de Brasília, estuda a atuação de integrantes do PC dos EUA no levante comandado por Luiz Carlos Prestes em 1935, no Brasil.
Graças à propaganda getulista, a tentativa de golpe militar da ANL (Aliança Nacional Libertadora) entrou para a história como Intentona Comunista. A palavra intentona, além de significar tentativa de revolta, tem o sentido de plano insensato. O trabalho se concentra na atuação de Arthur e Elisa Ewert.
Ela foi deportada para a Alemanha nazista junto com Olga Benario, a mulher de Prestes. Ele foi torturado e enlouqueceu nos porões da ditadura getulista.
Segundo Cancelli, documentos mostram que o FBI poderia ter evitado a deportação e o consequente assassinato de Elisa. Os dois tinham passaportes dos EUA, embora não utilizassem seus verdadeiros nomes. Além disso, o governo dos EUA sabia que o regime getulista torturava presos políticos como Arthur. O FBI (a CIA ainda não existia) chegou a entrevistar os norte-americanos em busca de informações sobre os PC dos EUA.
Embora respeite o padrão da academia, o livro tem uma linguagem de romance policial.
"Busquei um exercício acadêmico diferenciado. Procurei me inspirar nos livros de Dashiell Hammett ("O Falcão Maltês") para recriar um clima 'noir'±", afirma Cancelli.
(HCS)

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