São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
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loucura e tristeza pós-parto

FRANCISCO B. ASSUMPÇÃO JR.

Quando minha filha nasceu, tive psicose puerperal. Essa filha, ao engravidar, também desenvolveu a doença. Agora, ela está grávida pela segunda vez, e eu gostaria de saber qual o risco de o fato se repetir, se os sintomas da psicose puerperal são os mesmos e se deixam sequelas. (H.C.S.)
A psicoce puerperal é uma doença que incide na mulher no final da gravidez, no parto ou logo após o parto. Ela se manifesta de várias formas. A mais comum, segundo Antônio Hélio Guerra Vieira Filho, médico-pesquisador do Grupo de Estudos de Transtornos Mentais Ligados ao Ciclo Reprodutivo da Mulher do Hospital das Clínicas, é a psicose maníaco-depressiva.
Esse tipo de psicose alterna fases depressivas e euforia. "Há uma alteração da realidade, a pessoa pode falar o tempo todo, pensar que tem poderes extraterrestres, ou sofrer alucinações."
Guerra diz que cerca de 0,2% das parturientes desenvolvem a doença, e os sintomas aparecem nas seis primeiras semanas. Se a pessoa tiver apresentado em qualquer período da vida um quadro de psicose, a chance de ter psicose puerperal é de 90%, segundo estudo do Hospital das Clínicas.
Essa psicose não deve ser confundida com um problema bem mais comum: a depressão pós-parto. Segundo Guerra, 13% dos partos do primeiro mundo acabam em depressão. "A doença se manifesta nos quatro primeiros meses e pode ser causada por problemas de estresse", diz. O tratamento da depressão pós-parto é feito com antidepressivos ou psicoterapia.
A produtora musical Maria Lúcia Farias, 50, teve depressão pós-parto no nascimento de suas duas filhas. 'Eu amava meus bebês, mas ao mesmo tempo, sentia medo e solidão", diz Maria Lúcia (leia texto ao lado).
A secretária Marta Thereza Barbosa, 37, também sofreu de depressão pós-parto, "Sentia-me incapaz de cuidar daquela criança e tinha medo de nunca mais ter uma vida norma." A ginecologista e obstetra Ligia Guariglia diz que esses sintomas são bastante comuns. "Depois de nove meses, a mão que segura pela primeira vez o filho sente muita responsabilidade."

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