São Paulo, segunda-feira, 3 de novembro de 1997
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Ação apura ferimento em vaca

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Entre milhares de processos no STF, há uma ação instaurada para apurar se os ferimentos em uma vaca e um cavalo, há oito anos, foram provocados por tiros disparados pelo ex-deputado Carrel Ypiranga Benevides, do Amazonas.
Em novembro de 1989, Adelino Roberto Barbosa, dono de um sítio vizinho ao de Benevides, na periferia de Brasília, o acusou de disparar aproximadamente 15 tiros de rifle contra ele e três empregados.
Os quatro homens e os animais estavam atravessando o sítio do ex-parlamentar. Os tiros teriam atingido uma vaca e um cavalo.
A apuração foi falha desde a fase do inquérito policial. A polícia confirmou que havia dois animais feridos, mas não fez exame de corpo de delito para comprovar se os ferimentos eram decorrentes dos tiros. Não se sabe se a vaca e o cavalo sobreviveram ou não.
O Ministério Público Federal denunciou o ex-deputado pelo crime de dano qualificado contra o patrimônio, para o qual é prevista pena máxima de três anos de prisão.
A denúncia foi acolhida em novembro de 1995, com base nos depoimentos de testemunhas. Desde então, o processo está praticamente paralisado no STF.
Naquele momento, outro crime do qual Benevides foi acusado já havia prescrito: expor a vida ou saúde de outra pessoa a perigo direto e iminente (pena máxima de um ano de prisão).
O STF é o tribunal competente para processar e julgar ex-ministros e ex-parlamentares federais acusados de cometer crime no exercício do cargo, mesmo que o delito não tenha nenhuma relação com a função.
Durante o mandato, o parlamentar também tem a prerrogativa do foro especial, ainda que responda por um crime que houver ocorrido antes de tomar posse.
Em meio ao debate sobre alternativas para reduzir o volume de processos no tribunal, o STF discute uma proposta do ministro Sydney Sanches para que as ações contra ex-ministros e ex-parlamentares federais sejam remetidas à primeira instância da Justiça.
Na última quinta-feira, o relator da ação penal contra Benevides, Moreira Alves, votou pelo envio do processo à primeira instância.
A decisão foi adiada por um pedido de vista do ministro Sepúlveda Pertence, o único que manifestou até agora dúvida sobre a conveniência da perda do foro especial após o mandato.

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