São Paulo, segunda-feira, 3 de novembro de 1997
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El Niño provoca praga de borrachudos

FÁBIO ZANINI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

O Estado de Santa Catarina está sendo atingido por uma das maiores pragas de mosquitos borrachudos já registradas em sua história.
Levantamento feito pela Secretaria de Agricultura constatou que 77% dos 293 municípios catarinenses tiveram aumentos repentinos na incidência de picadas do mosquito.
Em algumas localidades, há registros de lavradores picados mais de 600 vezes em um único dia.
A situação agravou-se a partir do último mês de junho, quando começou a se manifestar no Estado o fenômeno El Niño, que provoca aquecimento global da temperatura no planeta.
O inverno de 1997 na região Sul foi considerado o mais quente dos últimos 20 anos.
Em algumas regiões, como Joinville (norte) e Chapecó (oeste), houve picos de até 37°C, quando a temperatura média na época não passa de 20°C.
Isso ofereceu condições para a multiplicação do inseto, que precisa de calor para se desenvolver.
"O calor deste ano foi constante, às vezes persistindo por semanas durante o inverno. Não houve alternância de períodos quentes e frios", declarou Luiz Renato Lazinski, do Instituto Nacional de Meteorologia do Ministério da Agricultura.
Além do calor, o borrachudo se aproveita da poluição em rios e córregos, presente em quase todas as regiões do Estado.
"A fêmea do mosquito põe seus ovos em águas poluídas, pois a larva do borrachudo se alimenta de matéria orgânica em decomposição", disse Íris Silveira, diretor de Desenvolvimento Rural da secretaria.
Segundo Íris Silveira, a praga afeta em maior número as populações das áreas rurais, mas também tem atingido várias áreas urbanas, principalmente na região oeste do Estado.
Doença
Além de coceira, a picada pode provocar inflamação na pele e até uma doença: o borrachudo é vetor de uma bactéria causadora da "cegueira dos rios", que compromete a visão.
A secretaria está realizando campanhas de conscientização à população sobre o ciclo de vida do mosquito e intensificando a limpeza de rios e córregos.
O governo estadual também planeja utilizar nas águas poluídas uma substância orgânica conhecida como BTI, formada por bacilos que intoxicam as larvas do borrachudo.
"Com a chegada da estação das chuvas, a tendência da praga do borrachudo é diminuir, mas só a partir do início do ano que vem", afirmou Silveira.

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