São Paulo, segunda-feira, 3 de novembro de 1997
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Mercado já movimenta R$ 6,5 mi

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O mercado de DNA movimenta, só em testes de paternidade e maternidade, pelo menos R$ 6,5 milhões anuais no Brasil. O valor é uma projeção da Folha baseada em números oficiais e não-oficiais de laboratórios particulares.
Com o crescimento da concorrência, muitas clínicas se recusam a informar o total de atendimentos e o faturamento.
Hoje, cerca de 15 clínicas privadas fazem testes de DNA no país. O Gene (Núcleo de Genética Médica), de Belo Horizonte, é pioneiro.
Em 1988, o professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Sérgio Pena criou uma técnica própria, a partir do método desenvolvido pelo inglês Alec Jeffreys, e o introduziu no Gene.
Pena contabiliza mais de 5.000 exames em nove anos, com análise de amostras de sangue de 20 mil pessoas. Em alguns casos, é preciso examinar até 15 supostos parentes para investigar a paternidade.
Concorrentes afirmam que o Gene deve fazer hoje cerca de mil exames anuais. O preço para trio (mãe, filho e suposto pai) vai de R$ 1.350,00 a R$ 1.950,00, conforme a sofisticação do método.
O teste permite definir em até 99,9999999% (sete casas decimais) quem é o pai de uma pessoa.
O maior laboratório de São Paulo é o Genomic, que cobra R$ 1.425,00, divididos em quatro parcelas, para o exame de paternidade mais simples, com base em trios.
No ano passado, a clínica faturou cerca de R$ 1,5 milhão, de acordo com o seu diretor administrativo e financeiro, Marcos Reinach.
Laboratórios de excelência em Campinas e Curitiba fazem centenas de exames por ano.
Na média, empresários, pesquisadores acadêmicos e responsáveis por laboratórios públicos estimam que sejam feitos 4.200 exames pagos no Brasil em 1997. Gratuitos, por ainda terem problemas de implantação, 800.
O crescimento da oferta pública não deve prejudicar por enquanto os laboratórios -a Justiça só encaminha para exames gratuitos pessoas pobres, que não teriam dinheiro para pagar.
No futuro, a situação pode ser diferente. "Seria uma concorrência desleal", afirma Marcos Reinach.
Hoje, a engenharia genética desenvolve estudos para prever a tendência das pessoas para desenvolver determinadas doenças.
"O mercado potencial no mundo é de US$ 5 bilhões", diz Sérgio Pena. "Perto disso, os testes de paternidade significam pouco."
(MM)

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