São Paulo, segunda-feira, 3 de novembro de 1997
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Pequenos e grandes abusos

HELCIO EMERICH

Não se deixem seduzir pelos apelos de propaganda da empresa InterPro, que tem ocupado horários da TV a cabo para promover, pelo sistema de telemarketing, a venda de equipamentos para ginástica em casa.
Você acerta a compra de um aparelho por telefone, eles mandam um boleto bancário, você paga e ouve a promessa de que o aparelho será entregue no prazo de dez dias.
Aí começa a catimba. Você não recebe o aparelho, liga para reclamar, te deixam esperando uma eternidade no telefone e explicam que não há o equipamento em estoque, estão esperando outras remessas do fabricante, aquela enrolação conhecida. Eduardo Blücher, presidente da InterPro, a quem você reclama por fax, não toma nenhuma providência.
Fica aqui o alerta aos telespectadores: identifiquem as ofertas da InterPro pelo logotipo da empresa (que aparece em tamanho pequeno no rodapé dos comerciais) e pulem fora.
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Por falar em TV a cabo, ainda bem que a NET voltou atrás na sua decisão de transferir canais como o da CNN International para um novo pacote (mais caro), colocando em seu lugar uma CNN em espanhol.
Muitos telespectadores assinaram a NET para ter acesso à rede norte-americana de notícias e não ao "trash" dos programas mexicanos e espanhóis que faz parte do cardápio da emissora.
O contrato da NET diz, no primeiro item, que a operadora tem direito de alterar a programação por motivo de força maior. Mas mudar a programação não é a mesma coisa que surrupiar dos assinantes um canal originalmente prometido pela propaganda. A NET foi sensível aos protestos dos seus assinantes e esse bom exemplo deve até ajudá-la a comercializar o novo pacote.
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Colunas, reportagens, programas de rádio e até editais de jornais (como o de 17 de outubro, aqui na Folha) continuam denunciando a onda predatória da propaganda ao ar livre em São Paulo, com a proliferação de cartazes, placas, faixas e outros trambolhos que degradam a paisagem urbana, como é o caso daqueles relógios instalados nas ruas e avenidas (além de feios, desativados e inúteis).
Mas nem a dupla dom Quixote e Sancho Pança que governa, respectivamente, o município e o Estado nem os órgãos que deveriam agir contra a apropriação dos espaços públicos pelos marreteiros da propaganda mostram qualquer sensibilidade em relação ao problema da poluição visual da cidade. São Paulo, capital mundial da promiscuidade publicitária.

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