São Paulo, segunda-feira, 3 de novembro de 1997
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Segurança e estabilidade atraem meninas à PM

SILVIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Receber salário para estudar, ter emprego garantido no final do curso e estabilidade no emprego. O que pode ser sonho para todo universitário brasileiro é realidade no curso de oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Essa segurança é uma das causas da corrida à carreira no vestibular da Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) deste ano. O curso de oficial da Polícia Militar (feminino) é o quinto colocado em número de candidatos por vaga (veja quadro ao lado), à frente até da disputadíssima faculdade de medicina da USP.
"Além do curso da PM, vou prestar odonto, mas um emprego seguro como policial para mim pesa mais", diz a candidata Caroline da Costa Melo, 18.
O curso da Academia de Polícia Militar do Barro Branco, em São Paulo, dura quatro anos e forma os oficiais que serão responsáveis pelo comando da PM no Estado.
Para absorver as formandas, o concurso só se realiza quando surgem vagas no quadro de oficiais da PM, o que não ocorria há quatro anos.
Ao entrar na academia, o calouro já ganha status de funcionário público, com benefícios como estabilidade no emprego, assistência médica gratuita e direito à aposentadoria integral. E, já no primeiro ano, ele começa a receber uma ajuda de custo de cerca de R$ 500 por mês, paga pelo contribuinte.
Depois da graduação, o valor sobe para R$ 1.500, e o recém-formado vira "aspirante" na hierarquia militar. Um ano depois, é promovido a segundo-tenente e ganha outro aumento de salário.
O outro lado da moeda
Mas a segurança de um emprego na PM tem seu preço. O curso é puxado. São 25 matérias por ano, a nota média para aprovação é oito, e quem for reprovado em mais de duas matérias é eliminado.
A disciplina também é rígida. Namoros são proibidos na academia (o contato físico se restringe ao aperto de mão). Nos dois primeiros anos, os alunos só podem sair da academia nos finais de semana. Quem desrespeita as regras é punido com "prisão": passa o sábado e o domingo lá mesmo.
"O Estado investe nos alunos e tem de cobrar isso deles", diz o capitão César Gomes de Oliveira, chefe da seção de avaliação do Barro Branco.
"Se soubesse o que iria enfrentar lá dentro, teria desistido", disse uma tenente que não quis ter seu nome divulgado. "Mas hoje acho que foi importante para eu me preparar para a profissão."
Para compensar esse lado penoso da carreira, as futuras policiais apelam para algum glamour. "No dia da formatura, os meninos vestem uma farda branca e se transformam em príncipes", diz Sheila Berbel, 23.

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