São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997
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Tunga abre evento com performance

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio a tantos outdoors eletrônicos, que brigam entre si pela atenção do público da av. Paulista, algumas das obras já podem ser consideradas sucesso de público.
Uma delas é "Super-Herói", de Regina Silveira, que tem versões diurna e noturna. Durante o dia, o super-herói da artista é uma sombra de 35 metros de altura por 16,5 de largura confeccionada em vinil adesivo azul escuro. Agarrado como um morcego de cabeça para baixo, paira na esquina da avenida com a rua Frei Caneca como um protetor anônimo. À noite, um canhão de laser iluminará e simulará movimentos no herói.
Menos icônica é a instalação de Carmela Gross, uma formação de 3,5 m de altura em tule preto que pode remeter ao sentido trágico de um vulcão ou à sensualidade das transparências de uma saia.
Selecionado para abrir o evento, Tunga também está em casa, já que encontrou na avenida um terreno para se desvencilhar das hierarquias museológicas.
Criou uma performance para cem pessoas que vai percorrer um trecho da avenida e depois depositar seus resíduos/memória no hospital Santa Catarina. "A sociedade brasileira adora efemérides. Agora temos até o Dia da Cultura. Nada melhor que comemorá-lo na rua, onde ela nasceu como prática e de onde podemos extrair uma ex-cultura, restando ainda 364 dias para a cultura", disse.
Afeito a atitudes poéticas, Tunga tratará essa pequena multidão como representantes de um conjunto de tarefas que aludem à formação cultural brasileira. "A escolha das pessoas foi aleatória e representa a população flutuante da av. Paulista, mas que ninguém espere realismo", avisa o artista.
A diversidade escultórica contemporânea brasileira poderá ser notada ainda nos trabalhos de José Bento e Shirley Paes Leme, dois mineiros que trabalham com madeira.
O primeiro estabelece um diálogo entre o movimento da avenida e o silêncio de duas peças de madeira (jequitibá e sapucaia) sobrepostas. Paes Leme quer captar o olhar com sua trama insólita de gravetos. "O contexto urbano é mais dispersivo, mas a minha peça chama a atenção pois as pessoas estão acostumadas com ferro e bronze", disse.
(CF)

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