São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997 |
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LÓGICAS AUTORITÁRIAS Voltam a soar os tambores de guerra no Golfo Pérsico, ante uma nova crise entre o Iraque do ditador Saddam Hussein e os EUA. Uma crise em que as duas partes se comportam com um grau de autoritarismo que, se não choca ninguém quando parte de uma ditadura como a iraquiana, é lamentável por parte da principal democracia do planeta, os Estados Unidos. "Não estamos interessados em diálogo. Estados interessados em obediência", foi a resposta da Casa Branca à proposta do governo iraquiano de negociar a composição da comissão das Nações Unidas que fiscaliza o desarmamento no país. Não é uma resposta que desarme os espíritos, por mais razões que possa ter o governo norte-americano. O Iraque impediu a entrada no país de dois norte-americanos que faziam parte da comissão. A comissão, por sua vez, tem um papel vital: evitar que o Iraque se rearme, em especial com armas estratégicas, depois da derrota que sofreu na chamada Guerra do Golfo, em 1991. É do óbvio interesse de todos impedir que o Iraque tenha um arsenal poderoso. Ditadores, como Saddam Hussein, não se inibem em utilizá-lo de maneira infame, como já ocorreu até contra populações civis. Mas o governo norte-americano tomou a proibição mais como um agravo direto e reagiu com o espírito de polícia do mundo, a que se habituou -especialmente depois da derrota de seu grande rival ideológico e militar, a União Soviética. Além disso, a reação norte-americana parece desproporcional à ofensa. Acenar com uma ação militar contra o Iraque não é uma resposta adequada ao veto iraquiano a dois membros de uma comissão. O mais elementar sentido comum indica que cabe às Nações Unidas -e não a uma potência isoladamente, por poderosa que seja- decidir como chegar ao objetivo último que os EUA também perseguem, que é o de impedir o rearmamento de um regime por todos os títulos vil. Texto Anterior: FHC, ACM E O JOGO DE MALUF Próximo Texto: As reformas e o AZT Índice |
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