São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997
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Líderes dizem não ter controle

DA REPORTAGEM LOCAL

As duas principais organizações que reúnem os perueiros da zona sul da cidade disseram ser contra a manifestação de ontem, mas alegaram não ter tido força para impedir o protesto.
"A situação já saiu do meu controle", afirma Laércio Ezequiel dos Santos, presidente da ATA (Associação dos Trabalhadores em Autolotação) da zona Sul.
"Fui muito xingado pelos manifestantes. Gritaram que eu fui comprado pelo poder público", disse ele, que comandou a categoria durante a votação na Câmara, na semana passada, do projeto de lei que deixou na ilegalidade todos os perueiros clandestinos.
O presidente da Cooperpan (Cooperativa dos Profissionais de Autolotação), Luiz Carlos Pandora, também se diz contra o bloqueio de vias públicas. "A população fica contra a gente", afirma.
A manifestação de ontem foi decidida em reunião de cerca de 90 coordenadores de linhas de lotação, às 14h30 de anteontem, em Santo Amaro. Ela foi divulgada pelo rádio das peruas.
Na reunião, apesar da discordância das entidades, foi definido o bloqueio de quatro pontes na zona sul da cidade.
A tendência é que eventos desse tipo continuem a acontecer entre os perueiros. Mesmo os que foram presos mostravam-se dispostos, ontem, a novas manifestações.
"Ainda vai correr muito sangue por causa desse problema", disse o subcoordenador de linha Marinho Gomes, 29, que participou da manifestação mas não foi preso.
Gomes comparou a situação dos perueiros à dos trabalhadores sem-terra. "Só depois que morrerem alguns é que eles vão prestar atenção em nós", disse.
As manifestações são movidas pelo desespero dos perueiros. Muitos estavam desempregados antes de entrar na profissão. Outros assumiram dívidas para comprar peruas.
Segundo Laércio dos Santos, alguns perueiros já começaram a preparar o que estão chamando de manifestações-relâmpago, que parariam o trânsito por alguns minutos em vias principais.
"A prefeitura já viu que com dez peruas dá para parar a marginal. Se cinco, dez peruas param por meia hora uma rua principal, até a polícia chegar elas já foram embora, e o problema já está feito."
Santos se diz contra esses protestos, mas afirma que não há como controlar os perueiros atualmente. "Não precisa de líder para isso."

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