São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997
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Demi Moore perde cabelo e o glamour em 'Limite'

THALES DE MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL

Parece que toda grande estrela de Hollywood acaba chegando a um momento da carreira no qual tudo o que ela quer é ser reconhecida por seu talento, e não pela beleza. "Até o Limite da Honra" marca esse passo na vida de Demi Moore.
Produtora do filme, ela não poderia ter escolhido papel menos glamouroso para viver na tela. Como a primeira mulher a tentar passar pelo duríssimo teste de seleção da divisão mais "casca grossa" dos fuzileiros navais dos EUA, ela quis viver um personagem levado ao extremo de sua resistência. Mas quem tem de aguentar firme é o espectador, torturado por um filme, antes de tudo, desagradável.
Demi Moore é a tenente O'Neill, que quer disputar de igual para igual uma vaga nos Seals, a elite das tropas de ataque americanas. Para isso, é submetida a uma rotina espartana de 19 horas de exercícios, almoço e jantar catados no lixo, contusões sem tratamento e, pode acreditar, tortura explícita de seus oficiais "treinadores".
Além de desagradável, "Até o Limite da Honra" também é previsível, quase primitivo. Meros 15 minutos de projeção já são suficientes para deduzir que alguma situação extrema vai acabar tornando amigos a persistente tenente e seu sádico comandante.
E o cruel oficial é justamente o único que se salva no elenco. É interpretado por Viggo Mortensen, talvez o melhor ator surgido da cena independente americana que apareceu no final dos anos 80.
Se dependesse apenas de sua estrela, o filme estaria muito pior. Demi Moore confunde caretas de dor com interpretação. Continua uma atriz medíocre, e seu visual brutalizado de cabeça raspada só piora as coisas.
Para os fãs da moça, há várias cenas que mostram seu corpo musculoso em trajes sumários e coberto pelo suor dos exercícios. Para quem gosta, é melhor alugar uma daquelas fitas de ginástica da Cindy Crawford do que aturar duas horas de cinema rasteiro.
Entediante, sem brilho, o filme nem parece ter a direção de Ridley Scott. Embora supervalorizado por boa parte da crítica, o diretor inglês costumava ser, pelo menos, uma garantia de certa preocupação plástica. Agora, nem isso.
Uma estrela sem talento, um roteiro infantilizado e um diretor acomodado. O que mais pode oferecer um filme cuja cena mais valorizada é a que mostra a atriz principal raspando a cabeça?

Filme: Até o Limite da Honra
Direção: Ridley Scott
Com: Demi Moore, Viggo Mortensen, Anne Bancroft
Produção: EUA, 1997
Quando: a partir de hoje, nos cines Center Iguatemi 1, Paulista 2 e circuito

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