São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997
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Chama o Serjão!

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Aconteceu justamente o que os tucanos mais temiam: quanto mais Serjão encolhe, mais ACM infla.
Saiu na frente para defender o governo nesta crise e participou das principais reuniões de FHC: com Malan, com os pefelistas e com os líderes governistas. Soube capitalizar politicamente a crise -ou "dar uma faturadinha", como já dizia Serjão.
Falastrão, atrapalhado, sem limites, Serjão erra na forma e, vez ou outra, é um problema político para o governo. Mas é a salvação da Pátria para o PSDB nessas horas de disputa de espaço com ACM, PFL e seus aliados, tipo Paulo Maluf. Como agora.
É por isso que os tucanos estão preparando a volta de Serjão à cena.
Não já, porque ele provocou PMDB, PPB, gregos e troianos e certamente seria um desastre para a aprovação das reformas administrativa e da Previdência, transformadas em caso de vida ou morte. Ou FHC aprova as duas ou vai dar a maior demonstração de fraqueza de seu mandato.
Mas logo depois das votações. Tanto que Serjão jantou na quarta-feira com Teotonio Vilela Filho, Aécio Neves, Arthur Virgílio Neto e Sérgio Machado. E ontem almoçou com José Serra.
A recuperação de Serjão é tão certa que ontem mesmo Teotonio relevou o fato de quase ter sido ejetado da cadeira de presidente do PSDB por Serjão, há um mês e pouco, e foi avisar ao presidente do PFL, José Jorge: se César Maia (o candidato pefelista ao governo do Rio) voltar a bater em Serjão, vai levar em dobro do partido inteiro.
Apesar de não admitido publicamente, há um consenso neste momento entre tucanos e pefelistas: o de que a crise das Bolsas e seus efeitos no Brasil são maiores do que se fala.
As consequências políticas recaem em primeiro lugar sobre a candidatura de FHC. E podem desabar em seguida sobre as perspectivas eleitorais de PSDB (que já não eram boas) e PFL.
Serjão, que andava hostilizando a equipe econômica, vem fazendo discurso moderado nos bastidores e até pedindo apoio às medidas econômicas. Nada pode dar melhor a dimensão da crise. Se até Serjão anda moderado, é porque a coisa está para lá de preta.

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