São Paulo, sábado, 8 de novembro de 1997
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Teste reprova 70% dos bacharéis

ESPECIAL PARA A FOLHA

O exame da OAB foi criado no início da década de 70, quando a decadência do ensino jurídico começou a ficar evidente. O empobrecimento do ensino decorreu da política do Ministério da Educação de autorizar a abertura de escolas sem a observância de critérios mínimos de qualidade.
Hoje, o índice de aprovação nas provas da OAB fica em torno de 30% (70% dos bacharéis inscritos são reprovados).
Um dos maiores problemas dos candidatos é o desconhecimento da língua: eles escrevem mal e não compreendem o que querem dizer os textos. Revelam também pouco conhecimento do direito e demonstram dificuldades para organizar o pensamento.
São deficiências graves, pois a tarefa principal do advogado é convencer. Para isso, ele precisa saber usar bem a palavra, escrita e oral. E tem de conseguir desenvolver um raciocínio com começo, meio e fim, expondo as idéias que defende com coerência.
Não bastasse isso, eles ainda tentam mostrar erudição, criando frases, no mínimo, esquisitas.
Saem coisas como "fulminada sua pretensão a ré sucumbiu". Isso quer dizer apenas que a acusada perdeu a ação.
Procurando seguir a regra segundo a qual as palavras não devem ser repetidas ao longo de um texto, os candidatos transformam a Lei das Sociedades Anônimas em "diploma do anonimato" e recurso extraordinário em "remédio heróico".

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