São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997
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Coutinho defende seriedade de ministros

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"Os ministros do TCU são sérios e o tribunal é honesto". A avaliação é de Lafaiete Coutinho Torres, ex-presidente do Banco do Brasil no governo Fernando Collor.
Coutinho talvez tenha sido o administrador mais visado, nos últimos anos, por suspeitas de mau uso do dinheiro público. Hoje ele é consultor privado, com escritório em moderno edifício no Itaim, na zona sudoeste de São Paulo.
"Fui sempre absolvido em todos os processos examinados pelo TCU", diz Coutinho, cinco anos depois do tiroteio. Sua reabilitação não foi exatamente assim como ele diz, mas o ex-presidente do BB tem vários trunfos para exibir.
O TCU informou à Folha que "não há que se falar em quitação plena". As contas do BB do exercício de 1991 foram julgadas irregulares, o que impede Coutinho de exercer cargo público (ele recorreu). Não foram apreciadas as contas do exercício de 1992, exatamente o ano em que deixou a presidência do banco. Mas Coutinho juntou à prestação de contas um ofício da presidência do BB, atestando "que não foi constatado desvio na aplicação de recursos", em todos os processos em 1992.
Foram consideradas regulares pelo TCU várias operações apontadas como financiamentos concedidos para "compra de votos com recursos da Fundação Banco do Brasil", no esforço para evitar o impeachment de Collor.
A regularidade de alguns empréstimos foi firmada pelo ministro Fernando Gonçalves, que defendia o afastamento de Coutinho da presidência do BB.
Em dezembro de 1993, o ministro Luciano Brandão julgou regulares operações do BB com a Algodoeira Palmeirense S/A e a Companhia Algodoeira Pernambucana, empresas do ministro Marcos Vinicios Vilaça, do TCU.
A redução de 88% das dívidas havia sido apontada como favorecimento ao amigo ministro.
Vilaça disse à Folha que "a operação foi lícita, regular e amparada por hipoteca de bens e imóveis". "Sou apenas herdeiro de 4% das ações de meu sogro", diz. Vilaça pediu uma investigação pelo TCU e uma manifestação do Supremo. "O caso foi arquivado", diz. Vilaça diz que se declara impedido de participar de qualquer julgamento de contas do Banco do Brasil.
(FV)

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