São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997
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'Caso Jorgina' é 1º a recuperar recursos

XICO SÁ
EMANUEL NERI

XICO SÁ; EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

INSS começa a receber valor desviado

O caso da fraude milionária do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) é o único, entre os megaescândalos brasileiros, que já começou a resultar em devolução de parte do dinheiro desviado.
Em setembro do ano passado, a direção do INSS conseguiu bloquear, por meio de ações na Justiça de Miami, contas bancárias de Jorgina Fernandes e do conjunto das suas empresas no valor de US$ 34 milhões. Desse bolo, US$ 2,2 milhões já retornaram ao instituto.
O rombo promovido no Brasil por Jorgina e o seu grupo era avaliado inicialmente pela Procuradoria Geral do INSS e Polícia Federal em US$ 3 bilhões. Refeitas as contas e novas auditorias, a fraude ficou em R$ 500 milhões.
O caso figura entre os maiores escândalos brasileiros de todos os tempos. No Collorgate, por exemplo, que resultou na queda do presidente Fernando Collor de Mello, em 1992, o Congresso apontou a movimentação por parte do "esquema PC" de US$ 260 milhões.
Para a Polícia Federal, o rombo teria sido de cerca de US$ 1 bilhão, mas o valor não foi confirmado pelos documentos obtidos.
O empresário Paulo César Farias, ex-tesoureiro da campanha eleitoral de Collor, também foi preso fora do país, na Tailândia, em 1993, depois de fuga espetacular do Brasil.
PC e o piloto Jorge Bandeira, também acusado de envolvimento no esquema, foram presos. O ex-presidente Collor foi julgado por corrupção passiva pelo STF (Supremo Tribunal Federal), mas foi absolvido, sob a alegação de falta de provas.
Não houve recuperação do dinheiro que teria sido desviado, segundo a PF. A Receita Federal multou PC e as suas empresas em cerca de R$ 100 milhões, mas o valor ainda depende de julgamento de recursos. PC foi morto em 96.
Um conjunto de pelo menos 30 grandes empresários brasileiros, responsáveis pela maior parte do PIB nacional, precisou apenas pagar algumas multas à Receita Federal, embora a maioria tenha confessado ter feito pagamentos ao "esquema PC".
Tamanho do rombo
Fora os casos de Jorgina e Collorgate, são raros os escândalos que resultam em alguma punição.
A chamada "Operação Patrícia" (fraudes com exportação de café, durante o governo José Sarney) causou prejuízos de US$ 115 milhões, sem que os principais responsáveis tenham sido obrigados a devolver recursos.
No ranking dos valores, casos emblemáticos como a "máfia do Orçamento", a história dos sete anões, como eram chamados os deputados, provocou um rombo de US$ 30 milhões, em 1993.
Nenhum parlamentar foi preso ou obrigado a devolver recursos, a PF ainda não chegou ao fim de todos os inquéritos e os ex-deputados já se preparam para voltar a disputar eleições.

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