São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997 |
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Estilo conciliador de FHC alimenta crises no governo
KENNEDY ALENCAR
Razão: os aliados não acreditam mais em FHC, que sempre concorda com seus interlocutores. "Quem quer estar bem com todo mundo acaba não ficando bem com ninguém", alerta o deputado federal José Aníbal (PSDB-SP). O senador Esperidião Amin (PPB-SC) define assim o estilo do presidente: "O professor Fernando Henrique Cardoso levou ao nível de pós-graduação os ensinamentos de Tancredo Neves, que consistiam em fazer o interlocutor se sentir a pessoa mais importante do mundo, dar-lhe sempre razão, mas nunca se comprometer". Instado a comparar seu estilo com o de FHC, o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), diz preferir que o tucano seja mais firme e que decida mais rápido, mas afirma: "O dele deve ser melhor que o meu, pois ele chegou à Presidência da República". A reforma ministerial, por exemplo, tem duas datas. Aos tucanos, que querem a troca o mais breve possível, FHC garantiu que a fará em dezembro. No máximo, em janeiro. A caciques peemedebistas, que pretendem manter os ministros Eliseu Padilha (Transportes) e Iris Rezende (Justiça) por mais tempo, sinalizou que a mudança só ocorrerá em abril. Conclusão: ou o presidente iludiu um grupo, ou está iludindo os dois. O ministro do Meio Ambiente, Gustavo Krause (PFL), já acertou com FHC que sai em dezembro, mas o deputado pefelista Inocêncio Oliveira ouviu do presidente que ainda não há data definida. Fazenda x Educação Uma situação comum no governo: FHC aceita o corte de verba proposto por um ministro da área econômica, depois de já ter prometido a outro ministro liberar a mesma verba na íntegra. O ministro Paulo Renato Souza (Educação) já perdeu a voz perante Pedro Malan (Fazenda) por divergências desse tipo. Acharam que ele estava sofrendo um ataque cardíaco. Malan, quando teve que enfrentar colegas de governo, chegou a entregar seu cargo mais de uma vez a FHC, dando a entender que, se perdesse a batalha, não teria condições de continuar. A insegurança atinge os mais variados interlocutores. Ministros e parlamentares só sentem que FHC ratificará sua decisão após conversarem com a dupla Clóvis Carvalho (Casa Civil) e Eduardo Jorge (Secretaria Geral). O primeiro cuida da rotina de governo. O segundo é o verdadeiro operador do balcão entre o Legislativo e o Executivo. Até auxiliares que o acompanham há anos dizem que FHC adia problemas e não demarca um limite para ceder nas negociações com os aliados, achando que no fim os problemas se resolvem com um bate-papo no Planalto. Esses auxiliares lembram que o presidente concilia porque os outros políticos também conciliam, pois também há ambiguidade entre os aliados. Texto Anterior: O custo da utopia Próximo Texto: Presidente abre guerra com PSDB paulista Índice |
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