São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997
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Presidente abre guerra com PSDB paulista

KENNEDY ALENCAR
DO PAINEL

A mais nova crise política que Fernando Henrique Cardoso enfrenta decorre diretamente do estilo conciliador. O PSDB paulista está em pé de guerra com FHC por discordar da forma como ele obteve o apoio do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) à sua reeleição.
FHC articulou a adesão malufista por intermédio de ACM e de Amin, ignorando a direção do PSDB e argumentando que essa aliança com o PPB facilita a aprovação da reforma administrativa.
"É mentira que é fundamental trazer o Maluf para aprovar a reforma administrativa. A prova é que ele trabalhou contra a reeleição usando os seus métodos amplamente conhecidos, e nós ganhamos", diz José Aníbal (PSDB-SP).
Ao compor com o PPB, FHC criou um conflito semelhante ao que acabara de enfrentar em setembro, quando o governador tucano Mário Covas disse que não disputaria a reeleição paulista.
A aproximação com Maluf e as perdas de São Paulo com a isenção de ICMS sobre as exportações foram o estopim da crise com Covas, que ameaça se repetir em grau mais elevado. Ou seja: FHC resolve um problema e cria outro em seguida, pois quer conciliar interesses de A a Z em torno da reeleição.
O problema é que nas eleições nos Estados essa conta não fecha. Em São Paulo, o PSDB travará um duelo de morte com o PPB, apoiado pelo PFL. No Rio, a briga tucana é com o PFL de Cesar Maia.
Reservadamente, os colegas tucanos do presidente o chamam de ambíguo e reclamam que ele faz tudo para se reeleger. Classificam como desleal o fato de FHC ter recebido Maluf no Alvorada na quarta, dia em que Covas vendeu a CPFL, episódio festejado pelo Planalto em meio à crise das Bolsas.
Para o tucano Arthur Virgílio (AM), o ministro de Assuntos Políticos, Luiz Carlos Santos (PFL), faz política contra o PSDB debaixo das barbas de FHC e não ajuda o governo a aprovar as reformas: "Ele não é um grande desastre porque é um pequeno desastre".
Em uma reunião na quarta à noite, em Brasília, a Executiva do PSDB criticou o que julga um fortalecimento desproporcional de ACM e do líder do governo na Câmara, Luís Eduardo Magalhães, dupla pefelista que controla a articulação política do Planalto.
O PSDB avalia que o PFL e o PPB estão se unindo nacionalmente para enfrentar os candidatos tucanos a governador, mas também para tentar obter uma melhor performance nas eleições para deputados federais e estaduais.
Segundo caciques tucanos, o político que tem sabido melhor como tirar proveito de FHC é ACM. Um deles diz que o senador causa medo físico no presidente. A boa relação que FHC faz questão de cultivar com Luís Eduardo seria o remédio para se proteger de ACM -hoje preocupado em acumular capital político para o filho e reescrever a sua biografia.
(KA)

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