São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997
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'Caça' vê 'caçador' o tempo todo

DA REVISTA DA FOLHA

A irritação e o medo, frutos das ameaças, podem causar estresse e ansiedade nas "caças". "A vítima se sente perseguida o tempo todo. Cerca-se de cuidados, não sai sozinha e amedronta-se facilmente", diz o psiquiatra Ricardo Moreno.
Foi o que aconteceu com a ex-modelo e empresária Monique Evans, que recebeu durante meses cartas e telefonemas com ameaças de morte.
"Uma voz masculina fazia contagem regressiva: dizia que faltavam tantos dias para a minha morte, até chegar o dia em que faltavam algumas horas. Ele sabia todos os meus passos. Eu não conseguia mais me equilibrar, perdi o controle, a noção do que era real ou não", diz Monique.
Um dia, no caminho para o trabalho, viu um pôster seu, todo manchado de sangue. "A polícia analisou e era sangue mesmo."
O resultado das investigações não contentou a empresária: a polícia concluiu que era a ex-namorada de um homem com o qual Monique teve um caso. "Eu não acreditei, tenho certeza de que era um homem e talvez alguém rico, que conseguiu abafar o caso", diz.
Pessoas públicas geralmente são "presas" fáceis para desequilibrados. Durante sua atuação como a Liliana na novela "O Rei do Gado", da Rede Globo, a atriz Mariana Lima, 25, começou a receber ligações misteriosas.
Primeiro, uma mulher deixava recados maliciosos na sua secretária eletrônica. "Uma vez, atendi e ela disse que queria me encontrar na porta do meu prédio. Eu não desci, e as ligações pararam", diz.
Agora, ela é amolada por um fã que, além de ligar constantemente, já chegou a enviar um livro para a sua casa -ela não sabe como ele conseguiu o endereço. "Não tenho medo, mas ele me perturba, porque me liga muitas vezes."
Antes de ficar famosa, já foi vítima de ameaças. Aos 18 anos, um homem a chateava por telefone e começou a segui-la. "Ele ligava e me dizia coisas como: 'Estive com você ontem em tal restaurante'."
Embora menos informatizado do que os EUA, o Brasil já tem policiais treinados para localizar hackers inoportunos. Um deles prendeu um analista de sistemas que ameaçava, via e-mail, a colunista da Folha Barbara Gancia. "O mais grave é que ele escreveu que me reconheceria e me pegaria na rua", conta. "Mas, depois, pensei melhor. Ele dizia que agarraria o meu corpinho. Com certeza, ele nunca me viu na vida..."

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