São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997
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Rumo aos grotões

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Todos os alarmes do principal gabinete do Palácio do Planalto estão soando estridentemente. Uns por causa da nova degringolada das Bolsas. Outros por causa de uma pesquisa cheia de duras advertências sobre a eleição presidencial.
Fernando Henrique Cardoso ainda é o candidato favorito para 98, mas perderia para um outro candidato justamente nos grandes centros e entre os formadores de opinião.
Esse é o principal resultado da última pesquisa do Ibope para a CNI (Confederação Nacional da Indústria). Só o seu lado cor-de-rosa foi divulgado. Os índices cor de chumbo foram direto para a mesa de FHC.
Eis a pergunta feita: "Se as eleições fossem hoje, o sr. votaria em FHC ou em outro candidato?"
FHC ganharia de 46% a 37%, mas perdendo nos seguintes segmentos e regiões (com os respectivos índices, não anunciados oficialmente):
1) curso colegial: 40% (FHC) a 42%;
2) superior: 35% a 47%;
3) Sudeste: 38% a 43%;
4) capitais: 39% a 44%;
5) periferias: 35% a 47%;
6) municípios com mais de 100 mil habitantes: 40% a 43%.
FHC ficou de cabelo em pé quando recebeu a pesquisa -completa- das mãos de um constrangido presidente da CNI, senador Fernando Bezerra.
Analistas de pesquisas da Presidência da República dizem que não há perigo. Assessores justificam que os mais instruídos, os que moram no Sudeste e nas capitais são aqueles naturalmente oposicionistas, mas não têm escolha: na hora de votar, vão acabar cravando o nome de FHC.
Faz sentido. Se confrontado com Lula, Sarney, Ciro, Itamar e Maluf, bate todos eles. Mesmo assim, há dois bons motivos para reflexão. Um é o velho temor, de FHC e dos "fernandistas", de que surja "um fato novo". Leia-se um "nome novo". Outro é que falta um ano para a eleição, um ano que promete ser difícil.
Se o candidato favorito já enfrenta resistências nas capitais, periferias e maiores municípios, como vai atravessar o arrocho no crédito e chegar a outubro de 98? E, se for eleito, com que saúde política voltará ao trono?

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