São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 1997
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Brizola cobra definição de Lula sobre candidatura

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, cobrou ontem uma definição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre sua candidatura presidencial e mostrou ceticismo sobre a viabilidade de um candidato único das oposições em 1998.
Em entrevista telefônica exclusiva à Folha, Brizola disse do Uruguai que Lula está demorando para o sim à candidatura. "Precisamos da definição de Lula, dos demais partidos e das alianças regionais", afirmou.
Para Brizola, que mantém como prioridade um acordo eleitoral com o PT, a hesitação de Lula e a dificuldade petista para ceder nas alianças estaduais estão comprometendo o sonhado palanque único das oposições para 98.
"Já fui mais otimista sobre a unidade das oposições. Hoje tanto pode ocorrer a aliança como o desmantelamento do projeto", declarou Brizola.
No histórico das causas que o estão transformando num "cético" sobre a viabilidade da candidatura única das esquerdas, Brizola atribuiu peso importante à má vontade do governador Miguel Arraes (PSB-PE) em relação a uma nova tentativa de Lula de chegar ao Palácio do Planalto.
"As restrições do governador Arraes a Lula começaram a diminuir a temperatura das alianças", disse o ex-governador fluminense.
Brizola exige, para fechar um acordo nacional com o PT, que o partido de Lula apóie o provável candidato do PDT ao governo do Rio, Anthony Garotinho. Parte expressiva do PT local rejeita a adesão ao pedetista.
"As lideranças do PT têm que dar passos mais concretos e o Lula tem um certo poder constituinte, assim como eu no PDT, para que os companheiros o ouçam", declarou Brizola. Em outras palavras, sugeriu que a direção do PT exija do diretório fluminense um acordo em torno de Garotinho.
Mesmo a indefinição de Lula pode dar margem a outra interpretação, sugeriu o ex-governador. "Quem sabe o PT tenha a convicção de que ele se beneficia com o passar do tempo enquanto os outros partidos se prejudicam", declarou.
A crise das Bolsas e o pacote econômico, no entender do pedetista, significam que o Plano Real está no "necrotério", o que exigiria do governo um "câmbio mais realista". Nem por isso, ressalvou, as oposições terão vida fácil em 98. "Vamos enfrentar um elefante e somos todos pequenos."
Dirceu
O presidente do PT, José Dirceu, afirmou que concorda com a pressa cobrada por Brizola. Mas acha que a responsabilidade do imbróglio não é só do PT.
"Não podemos começar o ano sem uma definição, mas a frente dos partidos de oposição tem que elaborar um cronograma e escolher um método para tirar um candidato", declarou.
Momentaneamente, a direção petista trocou a discussão da candidatura presidencial pelo pacote econômico como prioridade para a legenda.
Dirceu entende que a oposição não pode permitir que o governo tome a ofensiva para explicar a situação. "O governo perdeu a legitimidade e não pode nos responsabilizar pelo caos", afirmou.

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