São Paulo, terça-feira, 18 de novembro de 1997 |
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Paulistano sempre diz que são os 'outros'
PRISCILA LAMBERT
"Todos jogam lixo na rua porque sabem que há quem limpe. O brasileiro é preguiçoso e não desvia de seu caminho para depositar o lixo na lixeira", diz o auxiliar de serviços administrativos Anderson Roger Piccine, 23. Piccine afirma que já foi "porco". "Mas acho que amadureci. Ponho o lixo no bolso, mas não jogo no chão." A programadora de sistemas Rosemeire Marinho, 32, tem a mesma opinião. "O povo transforma tudo em lixo. Eu não, porque sou bem-educada." Muitos acreditam, no entanto, que a falta de educação dos paulistanos é causada por falhas da administração pública. "Não podemos acusar o povo que não pôde receber uma boa orientação. Além do mais, precisamos reivindicar um maior número de lixeiras", afirma a dona-de-casa Giselene Rossi, 28. A professora Rose Janira, 33, concorda que há muita gente pouco conscientizada sobre a problemática do lixo. "Mas não se pode generalizar. É preciso fazer uma campanha de orientação desde a pré-escola e em regiões carentes", diz. Durante 15 minutos, a reportagem da Folha observou o comportamento de pedestres que recebiam um panfleto na avenida Paulista (região central). Alguns mantiveram o papel na mão até se afastar. Quatro deles, no entanto, andaram por cerca de dez metros e jogaram o papel no chão. Todos os flagrados foram unânimes em dizer que foi um "ato de distração", mas que não repetem isso com frequência. "Pode me chamar de 'porco ocasional'. É por distração ou por falta de opção, já que não encontro lixeira", justifica o digitador Aurimar Soares, 33. No momento em que atirou o papel no chão, Soares estava a cerca de três metros de uma lixeira, onde poderia ter jogado o lixo. Texto Anterior: 'População é porca', diz secretário de Pitta Próximo Texto: Comissão para obter denúncias de corrupção exige identificação Índice |
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