São Paulo, terça-feira, 18 de novembro de 1997
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Governo desiste de licitação para Amazônia

FERNANDO GODINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério das Comunicações desistiu de vender a concessão de exploração da telefonia celular na área 8 (que engloba os Estados de Amazônia, Roraima, Amapá, Pará e Maranhão) por meio de licitação pública.
Pela segunda vez consecutiva, não houve ofertas para o edital de concorrência -que estabeleceu o preço mínimo de R$ 200 milhões para a região e um prazo de 15 anos renovável por igual período.
O presidente da Comissão Especial de Concorrência e secretário-executivo do ministério, Juarez Quadros, anunciou ontem que a privatização desse serviço será feita sem licitação.
"A administração pública está liberada para assinar o contrato de concessão sem a necessidade de concorrência pública", disse Quadros, adiantando que o ministério tem a prerrogativa de convidar grupos interessados e discutir as propostas separadamente.
"A administração chama para conversar quem ela desejar", completou, adiantando que o ritual para a convocação individual de grupos privados ainda será montado.
Quadros disse que o governo não pensa em manter a área 8 sob o monopólio estatal.
Sem alterações
O artigo 24 da Lei de Licitações permite que o governo dispense esse instrumento caso não haja interessados na concorrência pública. Mas o ministério não poderá alterar as condições já estabelecidas no edital que está sendo abandonado: preço mínimo de R$ 200 milhões, tarifa máxima igual à atualmente praticada pelas companhias telefônicas estaduais e pelo menos 51% do capital votante das empresas ou consórcios interessados deve ser nacional.
"Não saberia dizer por que não houve interessados. O preço é justo, e a região tem um mercado potencial futuro", afirmou Quadros, após encerrar a sessão pública de ontem destinada a receber as propostas referentes à área 8. Essa sessão durou cerca de 15 minutos.
O ministério chegou a vender 16 editais de licitação. Entre os compradores estavam empresas fornecedoras dos eventuais ganhadores e escritórios de advocacia.
A Folha apurou que a iniciativa privada considera o preço mínimo muito elevado para a região, que tem grandes extensões geográficas e baixa densidade demográfica.
A primeira oferta pública da área 8 ocorreu em abril último. A partir do fracasso inicial, o governo chegou a conceder mais dois anos de reserva de mercado para o vencedor da licitação (de dezembro de 1999 para dezembro de 2001).
Quadros diz que o ministério pode analisar uma nova divisão para a área 8, o que obrigaria o ministério a publicar novo edital de licitação e a retomar a concorrência.
Isso porque as negociações em separado não poderão ser feitas com base em novas condições, sob pena de abrir brechas para a contestação jurídica.
Preços
A área 8 da telefonia celular privada tem o menor preço mínimo entre as dez regiões criadas pelo governo para privatizar o serviço.
"O preço mínimo dessa região serviu de base para o cálculo das demais áreas", explica Quadros.
Os preços mínimos mais elevados -R$ 600 milhões- foram determinados para as áreas 1 e 2, que englobam respectivamente a região metropolitana de São Paulo e o interior do Estado de São Paulo.
A área 1 foi vendida por R$ 2,647 bilhões para o consórcio BCP, com ágio de 341%. O segundo maior ágio, de 141,54%, foi pago pela área 10, cujo preço mínimo era de R$ 230 milhões e onde estão Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

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