São Paulo, terça-feira, 18 de novembro de 1997
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Ataque a turistas deixa 67 mortos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pelo menos 57 turistas estrangeiros e 4 egípcios foram mortos a tiros por terroristas em frente a um templo faraônico em Luxor (a 500 km do Cairo), região sul do Egito. Os seis terroristas morreram.
O ataque, com saldo de 67 mortos, foi o mais feroz desde o início da onda de ataques de extremistas islâmicos no país, há cinco anos.
Versões de fontes médicas e policiais apontam até 69 estrangeiros mortos. A maioria das vítimas são japoneses, alemães e suíços.
Vestidos de preto, mesma cor usada pelos guardas que vigiam o templo de Hatshepsut, os terroristas saíram atirando da construção no momento em que grupos de turistas esperavam para visitar o local, no vale das Rainhas.
Segundo o Ministério do Interior, dois policiais e dois civis egípcios morreram. Também segundo as autoridades, 24 pessoas ficaram feridas (8 em estado grave), entre elas 16 estrangeiros.
Até a noite de ontem não havia confirmação oficial sobre a autoria do atentado, mas um funcionário de uma operadora de turismo disse à agência "Reuters" ter visto um panfleto de um grupo fundamentalista islâmico ao lado do corpo de um turista japonês.
Segundo Ahmed Ioussef, o panfleto dizia: "Não aos turistas no Egito - Esquadrão de Matança e Destruição de Omar Abdel Rahman." O xeque Abdel Rahman é o líder espiritual do Gama'a al Islamia (Grupo Islâmico), a maior organização extremista do Egito. Ele cumpre nos EUA prisão perpétua pela explosão no World Trade Center, em 1993.
Fontes dos serviços de segurança disseram ter recebido chamada do grupo terrorista, assumindo a autoria da ação, mas a notícia não havia tido confirmação oficial.
Há relatos contraditórios sobre a sequência dos eventos e número de mortos. O Ministério da Informação afirmou que morreram 64 pessoas, mais os seis terroristas.
Segundo a polícia, os atiradores entraram em um ônibus, matando turistas japoneses e dois policiais que tentaram reagir.
Depois, tomaram outro ônibus e o conduziram por cerca de 1 km antes de abandoná-lo, dispersando-se para morros da região. A polícia afirma ter encurralado e matado os seis terroristas.
Mas testemunhas afirmaram que os policiais demoraram para chegar depois do início da matança. Elas acreditam que os terroristas não foram baleados por policiais, mas se mataram nas montanhas.
Há ainda relatos de que, na confusão, turistas foram mortos por tiros disparados por policiais.
O ataque coincide com o julgamento, no Cairo, de 66 suspeitos de pertencer ao grupo do xeque Abdel Rahman, acusados de complô contra membros do governo.
Os extremistas querem estabelecer um Estado islâmico "puro" no Egito. Desde 1992, 1.110 pessoas -terroristas e policiais, na maioria- morreram nos choques.
O presidente Hosni Mubarak enviou ministros a Luxor e convocou reunião emergencial do gabinete.

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