São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997
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Mulher de relator não será transferida

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), decidiu manter a socióloga Clara Maria Vasconcelos Torres, mulher do deputado Moreira Franco (PMDB-RJ), vinculada à Secretaria de Comunicação Social, que funciona em Brasília. Ela trabalha em casa, no Rio de Janeiro, e não registra o ponto.
Reportagem da Folha mostrou ontem que a situação funcional de Clara é privilegiada e irregular. O ato da Mesa Diretora 15/95 determina que todos os servidores, exceto os funcionários dos gabinetes dos senadores, registrem o ponto.
Os servidores também devem cumprir oito horas diárias de trabalho. A mulher de Moreira, relator da reforma administrativa, trabalha das 6h às 9h, colhendo informações dos jornais do Rio para o "clipping" do Senado (compilação de notícias de interesse da Casa publicadas nos jornais).
O secretário de Comunicação Social do Senado, Fernando Cesar Mesquita, determinou anteontem a transferência de Clara para o escritório de representação do Senado no Rio, o "Senadinho". Ela passaria a registrar o ponto.
ACM perguntou a Mesquita, ontem, sobre a situação de Clara. Informado pelo secretário, perguntou: "Mas ela trabalha?". Mesquita disse que sim. "Então, não a devolva para o 'Senadinho'. Mantenha-na na função", afirmou ACM.
O Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo pediu ontem a ACM abertura de inquérito para apurar a situação de Clara. O sindicato solicitou ainda que ACM determine a apuração do envolvimento do deputado no pedido de transferência de sua mulher para a Secretaria de Comunicação Social.
Deputados contrários à reforma administrativa, que permite a demissão de servidores estáveis, distribuíram cópias da reportagem da Folha entre colegas.

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