São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997 |
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Diretor da Câmara faz lobby antiteto Adhelmar Sabino é contra limite de R$ 12.720 LUÍS COSTA PINTO
Sabino, que se recusa a comentar a articulação, é uma espécie de prefeito da Câmara. Administra os 4.000 contracheques de funcionários emitidos mensalmente por lá. Cuida das diárias pagas aos deputados durante as viagens, zela pelos gabinetes e apartamentos funcionais mobiliados que os parlamentares recebem no início de cada mandato e pede votos para os candidatos a presidente da Casa. Tamanha responsabilidade rende-lhe R$ 8.000 por mês, o mesmo salário de um deputado. Se o teto de R$ 12.720 for aprovado, não poderá se aposentar e permanecer no cargo, acumulando vencimentos. Com astúcia, bons argumentos e trânsito entre deputados e senadores, Sabino transformou suas preocupações salariais em ponderações do chamado "baixo clero" do Congresso (parlamentares que não formulam os rumos da política, mas cujos votos são preciosos na hora de aprovar projetos). Participou de diversas reuniões no gabinete do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), junto com parlamentares como o relator da reforma administrativa, deputado Moreira Franco (PMDB-RJ), e os líderes do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), e do PMDB, Geddel Vieira Lima (BA), para decidir o futuro do teto salarial imposto ao funcionalismo. Em todas elas foi contra o teto. Em uma brigou tão feio com Moreira Franco que os dois pararam de se falar -apenas se cumprimentam nos corredores. É ele o dono do argumento, usado como bandeira do "baixo clero", segundo o qual o teto de R$ 12.720 desmotivaria funcionários públicos aposentados com gordos salários a se eleger. Numa das reuniões, usou como exemplos diversos parlamentares já aposentados cuja soma do valor das aposentadorias mais o salário que recebe do Congresso ultrapassa o teto estipulado. Citou Wilson Braga (PDT-PB), Jair Soares (PFL-RS), Nilson Gibson (PSB-PE), Adylson Motta (PPB-RS) e até Michel Temer. Sabino nega ter tanta força, mas confirma que fornece os argumentos para quem é contra a reforma. "Recuso-me a comentar o assunto. Só dei informações técnicas a quem me perguntou", afirma o diretor-geral. Texto Anterior: STJ mantém bloqueio de bens de João Alves Próximo Texto: Líderes criticam Sabino Índice |
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