São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997
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Comissão da Câmara pede uma investigação sobre biopirataria

Acordo entre o Inpa e instituto dos EUA é alvo de dúvida

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A comissão da Câmara dos Deputados que apura a biopirataria no Brasil pediu ao Ministério Público que investigue esse tipo de prática dentro de instituições de pesquisa do próprio governo.
Segundo o relatório da comissão, divulgado ontem, os acordos científicos internacionais acobertam coletas ilegais de espécies vegetais e animais na Amazônia.
Essas espécies seriam usadas para a produção de novos medicamentos -é a esse tipo de prática que os cientistas chamam de biopirataria. A comissão foi criada a partir de reportagem publicada pela Folha em 1º de junho.
"Fiquei assustada com as denúncias envolvendo instituições consideradas sérias", diz a deputada Socorro Gomes (PC do B-PA).
Entre as instituições, o relatório o Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia responsável pelo controle da produção científica na Amazônia.
O texto relaciona um acordo científico do Inpa com o Smithsonian Institution, de Washington.
O objetivo do acordo é estudar qual a área mínima da floresta em que não há perdas da biodiversidade. Após 17 anos de pesquisa, não há nenhum resultado prático.
"É muito estranho porque já enviaram muito material para os EUA sem controle", diz Gomes.
A comissão quer que o Ministério Público investigue um acordo que a Nasa (agência especial norte-americana) estaria acertando com o Inpa. O acordo envolveria investimentos de US$ 50 milhões e colocaria cerca de 300 cientistas estrangeiros na Amazônia.
Outro lado
O diretor do Inpa, Ozório Fonseca, diz que as acusações do relatório não têm fundamento.
O acordo com o Smithsonian, segundo ele, gerou um livro de 640 páginas sobre manejo florestal, que está sendo editado.
"Essa deputada está maluca. Manejo florestal não dá resultado em dois dias. Leva anos."
Segundo ele, todo material que sai do Inpa é controlado pelo Ministério da Agricultura e Ibama.
O acordo com a Nasa não é só com a agência dos EUA, segundo Fonseca. Envolve 50 países e foi proposto pelo Brasil.

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