São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997
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PF vai investigar morte de sem-terra

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

A Polícia Federal vai investigar a morte do agricultor Elizeu Oliveira da Silva, 28, encontrado enforcado na cela de delegacia de Apuí (AM) no último dia 12.
O agricultor morreu horas depois de ser preso. Não houve mandado de prisão nem foi registrado o flagrante, o que torna sua prisão irregular.
O superintendente da PF no Amazonas, Mauro Spósito, conduzirá pessoalmente as primeiras investigações sobre o caso.
Spósito viajará amanhã para a cidade, acompanhado do delegado e dos policiais que designou para o caso, cujos nomes não divulgou.
A entrada da PF para esclarecer a morte foi requisitada ontem pelo procurador da República no Amazonas, Sérgio Lauria, a pedido do presidente da seção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Estado, Alberto Simonetti.
"A prioridade exigida pelo Ministério Público à Polícia Federal para esclarecer o caso é a exumação do corpo", disse Simonetti, que esteve reunido com o superintendente da PF.
Simonetti telefonou para Apuí recomendando aos parentes do agricultor e dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais que reforcem a vigilância na sepultura onde o corpo está enterrado. "A gente nunca sabe o que pode acontecer naquele fim de mundo."
O superintende Mauro Spósito também esteve reunido na sede do Ministério Público com o procurador Sérgio Lauria para detalhar as providências necessárias para a investigação.
Lauria informou que Spósito realizará um levantamento sobre a situação na cidade e tentará manter contato com o juiz Joaquim Almeida de Souza, da comarca de Novo Aripuanã, sobre a viabilidade de exumação do corpo. "Essa providência depende do juiz."
Segundo o secretário estadual de Justiça e Cidadania, Félix Valois Coelho Filho, o governador Amazonino Mendes (PFL) desconhecia o caso.
Por meio de sua assessoria, Amazonino divulgou uma declaração sobre a morte do agricultor: "Apuí é, sobretudo, um lugar distante em que, reconhecidamente, o braço do Estado é deficiente. Se tiver havido alguma prática criminal policial, os responsáveis serão exemplarmente punidos".
Uma comissão de autoridades do Estado viaja hoje para Apuí. Além do secretário Félix Valois, integram a comissão o promotor de Justiça Luiz Carramanho; o corregedor da Secretaria da Segurança, Luiz Humberto Monteiro, e o juiz Jomar Fernandes.

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