São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Infecção em maternidade mata 12 bebês

RITA NAZARETH
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre setembro e novembro deste ano, 12 bebês morreram com infecção hospitalar na Maternidade Municipal de Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de São Paulo. Em três meses, a maternidade não conseguiu nem erradicar, nem descobrir a fonte propagadora da bactéria.
A direção do hospital e a Secretaria Municipal da Saúde informam que há uma grande possibilidade de a bactéria ter se propagado na UTI infantil.
"Por isso, estamos transferindo os bebês com problemas da UTI infantil para a adulta", diz Renaud. "Também estamos rejeitando gestantes de outros hospitais."
Embora a Secretaria da Saúde tenha informado que a queda nos partos foi de 180 para 100, o hospital afirma que houve uma redução de 439 partos em setembro para 369 em outubro. "Estamos vetando a entrada de gestantes de alto risco", diz Renaud. "As grávidas normais estão sendo admitidas."
Fiscalização
Além da Secretaria Municipal da Saúde, o Conselho Regional de Medicina dará início a uma sindicância na maternidade.
Segundo o presidente do CRM, Pedro Paulo Monteleone, se for comprovada negligência médica, os médicos responsáveis poderão ter suas licenças cassadas.
Monteleone afirma, no entanto, que a maternidade sempre foi um centro de referência para médicos. "Nos anos 70, as provas práticas da Escola Paulista de Medicina eram realizadas na maternidade."
Essa não foi a primeira vez que a maternidade registrou casos de mortes de bebês pela bactéria "serratia", que se localiza sobre tudo no intestino. Em 93, seis recém-nascidos morreram com o mesmo problema. O diretor afirma que, dos dez bebês que morrem por mês na maternidade, um apresenta a bactéria. "Somos seres humanos e falhamos", diz.
Embora as mães que perderam seus filhos em 93 não tenham dado entrada na Justiça, foi instaurado processo criminal contra a clínica.
A dona-de-casa Maria Aparecida da Silva, 34, que tem nove filhos, diz que não reclamou na época por temer represália do hospital. "Como tive mais dois filhos na maternidade, fiquei com medo e não abri a boca", diz Maria Aparecida.
O processo criminal contra a clínica foi arquivado por não ter sido comprovada negligência médica.

Texto Anterior: Secretário 'porco' tolera caçamba irregular
Próximo Texto: Decon deve convocar Savelli para depor
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.