São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997 |
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Congresso nega apoio Gilson Schwartz GILSON SCHWARTZ
Adiaram a discussão para o ano que vem, depois das eleições presidenciais de dezembro. Não houve consenso. Esperava-se para esta quarta-feira o anúncio, a fórceps, de um pacotaço financeiro capaz de abrir caminho até mesmo para um empréstimo junto ao FMI. O cerne da crise nos países asiáticos, ao contrário da América Latina, está na fragilidade dos sistemas bancários. No Brasil, por exemplo, o problema é financiar um déficit em conta corrente crescente. Mas a crise bancária já passou. Na Coréia do Sul, embora a perda de competitividade também tenha ocorrido nos últimos anos, o maior problema é a acumulação de dívidas impagáveis nos bancos. Para fazer uma operação de resgate, nos moldes de um Proer ou mesmo seguindo os passos do governo japonês, o governo coreano precisa ter superpoderes para intervir no sistema bancário. É isso que os políticos, às vésperas de uma eleição presidencial, não querem dar ao Executivo. Não é difícil imaginar a razão desta recusa. As eleições acontecem daqui a um mês. O governo queria mudar as regras do jogo, alterando o funcionamento do banco central e unificando as instituições responsáveis pela supervisão bancária. Para complicar, o pacote é criticado pelos próprios burocratas coreanos. Resta ao governo a alternativa de baixar o pacote com mais vigor ainda para tentar recuperar a credibilidade do país nos mercados internacionais. A saída imediata é aumentar o volume de recursos no fundo de resgate de instituições financeiras quebradas. Para levantar dinheiro suficiente, pode ser inevitável recorrer ao FMI, além de fazer uma reforma patrimonial de emergência, incluindo ativos estatais entre as garantias do "Proer" local. A promoção de fusões entre instituições financeiras estatais é outra saída, apontada em seminário realizado no "Korea Institute for International Economic Policy", que recomendou ainda a emissão de títulos públicos para apoiar o novo esquema de salvamento dos bancos. Ao mesmo tempo, o Ministério da Indústria e Comércio examina formas de reduzir o impacto da desvalorização cambial sobre empresas endividadas em moeda estrangeira. O cardápio é extenso, mas o problema é político. Não é fácil encontrar credores globais para um país às vésperas de eleições presidenciais em que a oposição está forte. Texto Anterior: Carros baixam com moedas desvalorizadas Próximo Texto: Menem e FMI pressionam o Congresso Índice |
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