São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997 |
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Menem e FMI pressionam o Congresso
LÉO GERCHMANN
No instante em que era concluída a reunião ocorrida anteontem entre governo e funcionários do FMI, os índices Merval (Buenos Aires) e Bovespa (São Paulo) confirmaram números positivos ocorridos na sexta. Na Argentina, a reação foi de otimismo com cautela. Ontem, o Merval fechou em 1,84% negativo. A "trégua" concedida pelo mercado levou o governo e o FMI a terem margem de manobra para colocar o Legislativo como "refém", tornando-o responsável pelo cumprimento dos itens acertados duas semanas atrás em Washington. O acordo teve seus últimos ajustes definidos na reunião, restando apenas a assinatura. A carta, depois de assinada, será enviada para o comitê executivo do órgão, nos Estados Unidos, que deverá dar o seu aval no dia 23 janeiro. Entre os seus itens, consta o empréstimo de US$ 3 bilhões para a Argentina, dos quais haverá o desembolso de US$ 1 bilhão, ficando os outros US$ 2 bilhões disponíveis para situações de emergência. O dinheiro é uma espécie de suplemento para assegurar receita quando ocorrerem crises. O acordo terá três anos, incluindo os dois que restam do governo Menem e um do seu sucessor. Isso também levou o FMI e o governo a usarem a assinatura da carta como objeto de pressão sobre o Congresso. Ter os recursos do fundo se tornou interesse da situação e da oposição. Exigências O governo se compromete a realizar reforma tributária. Sempre que houver aumento no déficit público argentino, terá de ocorrer o de alguns impostos. Também uma reforma trabalhista será apresentada ao Congresso antes de junho, prevendo a flexibilização nas relações de trabalho. A expectativa é de que haverá crescimento econômico de 5,8% em 98, 5,6% em 99 e 5,4% no ano 2.000. Para os índices de inflação, espera-se que haja um aumento de 1,1% em 98, 2% em 99 e 2% no ano 2.000. A carta prevê mais exportações, que permitam a redução do déficit comercial para US$ 2 bilhões em 98, US$ 1,8 bilhão em 99 e US$ 1,35 bilhão no ano 2000. O déficit público terá de ser reduzido a um ritmo de US$ 1 bilhão por ano. Automóveis Enquanto o governo prepara a assinatura da carta e usa isso para pressionar o Congresso, a crise nas Bolsas mostra suas primeiras consequências práticas em relação à produção automotiva. Com a retração do mercado brasileiro, Fiat, Ford e Volkswagen adiantaram as férias dos seus operários e reduziram salários. A Ford anunciou a suspensão da fabricação do Escort, cujos modelos, na sua maioria, são exportados para o Brasil. A Volkswagen suspendeu 1.700 operários durante quatro dias de novembro e quatro de dezembro. A Fiat pretende reduzir sua produção de alguns modelos e suspendê-la de 15 de dezembro a 18 de janeiro. Na Mercedes Benz, a solução encontrada foi de dar folga aos operários nos sábados, evitando, assim, o pagamento de horas extras. Texto Anterior: Congresso nega apoio Próximo Texto: Nova York quer atrair empresas brasileiras Índice |
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