São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 1997
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Mostra faz justiça a Maria Martins

FERNANDO OLIVA
DA REDAÇÃO

O cenário artístico brasileiro foi um pouco injusto com Maria Martins (1900-1973). A escultora surrealista, uma das mais importantes de sua época, passou mais de 40 anos sem uma mostra individual no país. Desde 1956, quando expôs no Museu de Arte Moderna do Rio, não se vê uma seleção decente de sua trajetória.
Ela começou a sair do ostracismo em setembro deste ano, quando foram expostas 23 esculturas suas na galeria do marchand Jean Boghici, que foi amigo da escultora, no Rio. É essa mostra que chega hoje a São Paulo, na Fundação Maria Luísa e Oscar Americano.
As esculturas revelam os temas que frequentavam o imaginário da escultora: híbridos de homem e monstro, formas bizarras onde cobras são figuras recorrentes. É impossível não comparar suas aranhas com a célebre "Aranha" da artista francesa Louise Bourgeois.
Martins, nascida em Minas Gerais, foi uma mulher de oportunidades. Aos 26 anos, casa-se com o diplomata brasileiro Carlos Martins Pereira e Souza. Nos 13 anos que se seguiram, mora em Paris, Copenhague, Tóquio e Bruxelas.
Em 1941, acontece sua primeira mostra individual, na galeria Corcoran de Washington. No ano seguinte, é a vez de Nova York, galeria Valentine -onde também exporia com Piet Mondrian.
Paris veria seu trabalho por dois anos seguidos: na grande exposição do grupo surrealista de 1947 e, em 1948, com a mostra "Esculturas Mágicas de Maria".
A força e autenticidade de sua obra seriam reconhecidas por André Breton, um dos fundadores do surrealismo, e Marcel Duchamp, pilar da arte moderna. A Maria, Duchamp dedicou, entre outras obras, a instalação "Étant Donnés" ou "Nôtre Dame du Désir".
Quando chegou ao Brasil, em 1950, sua obra foi recebida com frieza, uma vez que o surrealismo já havia feito rápida passagem por aqui capitaneado pelo pernambucano Cícero Dias. Mesmo assim, participou da Bienal de São Paulo em 1951, 1953 e 1955 -e integrou Surrealismo e Arte Fantástica (1965), ao lado de Ismael Nery.
Para crianças
"O Mistério das Formas - Maria Martins", livro para crianças sobre a escultora, será lançado dia 25 no MAC (Museu de Arte Contemporânea) do Ibirapuera. A obra faz parte da série Olharte, criada em 1992 para promover o diálogo do público infantil com as artes. Paralelamente ao lançamento, o MAC inaugura mostra com três peças de Martins: "O Implacável" (47), "A Soma de Nossos Dias" (54) e escultura sem título de 53.

Mostra: Maria Martins
Quando: ter a sex, das 11h às 17h; sáb e dom, das 10h às 17h (até 21 de dezembro) Onde: Fundação Maria Luisa e Oscar Americano (av. Morumbi, 3.700, tel. 011/842-0077)
Quanto: R$ 5

Livro: O Mistério das Formas - Maria Martins
Autor: Katia Canton e Maria Tereza Louro
Quando: dia 25, às 15h
Onde: MAC (parque Ibirapuera, Pavilhão da Bienal, tel. 011/573-9925)

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