São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 1997
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Portinari, Di e Volpi 15% mais baratos

Vendas acontecem em 3 de dezembro

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

No primeiro grande leilão de artes plásticas a ser realizado no Brasil desde a decretação do pacote de ajuste fiscal, os preços mínimos de 145 obras de artistas como Portinari, Di Cavalcanti, Guignard, Segall e Volpi foram fixados com uma redução média de 15%.
"Estamos sentindo a retração do mercado e resolvemos reduzir os valores de nossas avaliações", disse o marchand Jones Bergamin, da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro, que organiza o leilão -dia 3 de dezembro no hotel Copacabana Palace. De acordo com o marchand, as avaliações haviam sido feitas antes da decretação do pacote, no último dia 10.
Depois das medidas econômicas, os proprietários das obras foram procurados por Bergamin com a proposta de redução. "Muitos concordaram. Eles perceberam que era mais vantagem reduzir o preço do que correr o risco de não vender", disse.
Por conta da retração do mercado, o marchand não espera que sejam batidos recordes, como já aconteceu em leilões organizados por ele anteriormente. Em maio, por exemplo, o quadro "Flores", de Di Cavalcanti, foi vendido por R$ 690 mil. O lance mínimo era R$ 400 mil. Em agosto, "Menino com Estilingue", de Portinari, tinha como preço mínimo R$ 300 mil e foi negociado por R$ 400 mil.
No leilão de 3 de dezembro, as atenções deverão estar voltadas para "Menino com Carneirinho" (1954), de Portinari. O quadro estava fora do país há vários anos -pertencia ao acervo de uma família brasileira que o levou para Nova York.
A estimativa do marchand é de que a obra seja vendida por um valor entre R$ 200 mil e R$ 300 mil. "Menino com Carneirinho", de acordo com ele, é obra de fácil colocação no mercado. "Ela não tem aquela temática social forte característica de muitos trabalhos de Portinari. Não há retirantes, crianças famintas, essas coisas. Diria que é um quadro fácil de se colocar na parede da sala", disse.
Por motivo oposto, "Colonos", de Di Cavalcanti, também deverá atrair as atenções.
O quadro foi pintado sob encomenda em 1945 para uma exposição organizada pelo Partido Comunista Argentino. Nele, Di retrata um casal e um bebê como se estivessem se preparando para deixar uma cidade. O quadro deverá ser vendido por um valor em torno de R$ 200 mil. "Esse é um dos raros quadros de Di Cavalcanti que apresenta uma conotação social e por isso deve ser valorizado", explicou Bergamin.
Outro destaque é "Paisagem em Ouro Preto", pintado por Guignard no final dos anos 40. O quadro foi um dos primeiros feitos pelo pintor depois que, em 1944, trocou o Rio por Belo Horizonte -está avaliado entre R$ 100 mil e R$ 150 mil.

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