São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997
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Governo diz não ter fiscais suficientes

DA REPORTAGEM LOCAL

As estatísticas acusam aumento no número de registros de casos, mas ainda são muito esparsas. A maioria dos Estados nem sequer contabiliza os registros. A fiscalização também deixa a desejar.
Zuher Handar, 40, secretário de Segurança e Saúde do Ministério do Trabalho, afirma que os 600 fiscais não conseguem visitar todas as empresas, e várias não recebem nenhuma visita em um ano.
"O ideal é que sejam visitadas de duas a três vezes por ano", afirma. Segundo Handar, o número de fiscais deveria ser muito maior. "O ambiente de trabalho ainda deixa muito a desejar, e as mudanças feitas pelas empresas têm sido muito lentas nos últimos anos."
Para o engenheiro de produção Egberto de Medeiros, doutor em ergonomia (estudo que busca organizar e trazer funcionalidade ao ambiente de trabalho), o computador reduz o número de intervalos que antigamente compensavam o esforço repetitivo.
"Arrumar a folha na máquina ou marcar os espaços eram exercícios diferentes da simples digitação, trazida pelo computador."
Segundo Bernardo Bedrikow, 74, médico sanitarista e consultor da OIT (Organização Internacional do Trabalho), o aumento da velocidade nas linhas de produção também é um fator que contribui para o aumento de casos de LER.
Sujeira faz adoecer
Os casos de doenças pulmonares e alergias também têm aumentado. Um exemplo é a asma profissional, decorrente do ar-condicionado e carpetes sujos e de produtos químicos.
A pneumologista Elizabete Mendonça, 43, da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho, entidade do Ministério do Trabalho, diz que, assim que começam a aparecer indícios de asma ocupacional, é preciso remanejar o funcionário dentro da empresa. "Se ele já está sensibilizado, qualquer coisa poderá reativar a asma."
A dermatologista Célia Riscalla, 46, especialista em dermatose ocupacional -espécie de alergia na pele-, recebe um caso por semana. "As empresas químicas e metalúrgicas precisam fazer exames de pele e alérgicos pelo menos duas vezes por ano e orientar os funcionários sobre os riscos do contato com alguns produtos."
Funcionários doentes devem pedir à empresa a emissão da CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), que deve ser encaminhada ao INSS para o recebimento do auxílio-acidente.
Para o advogado Fúlvio Rebouças, 24, todo trabalhador tem o direito de se afastar para tratamento, mesmo quando há apenas a suspeita de doença ocupacional.

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