São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997
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Estado de SP pode perder 65% de leitos

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Representantes de 324 santas casas do Estado de São Paulo votam hoje proposta de descredenciamento do SUS (Sistema Único de Saúde). Se aprovada, o Estado perde cerca de 65% dos leitos.
As principais reivindicações desses hospitais são: o pagamento imediato da dívida atrasada (R$ 200 milhões), um reajuste de 45% da tabela de preços de internações e procedimentos e a criação de um cronograma para os pagamentos.
"Para sobreviver, as santas casas podem ser obrigadas a começar a cobrar da população", afirma José Alberto Monteclaro Cesar, presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo.
A decisão de realizar uma assembléia para pressionar o governo decorre do aumento da pressão do governo federal em reduzir a verba para a Saúde. Segundo o orçamento previsto que está no Congresso, em vez dos R$ 22 bilhões pedidos, apenas R$ 19 bilhões deverão ser liberados para a Saúde.
São Paulo deve perder no ano que vem cerca de R$ 40 milhões/mês, segundo avaliação do secretário da Saúde do Estado, José da Silva Guedes. "As consequências disso podem ser catastróficas. Com o dinheiro repassado este ano, já foi difícil pagar as dívidas. Com menos, não sei o que faremos", afirmou o secretário.
Os cerca de R$ 200 milhões de dívidas do SUS com as santas casas são a soma de dívidas do ano passado (abono não pago nos meses de outubro, novembro e dezembro) mais as dívidas do não-pagamento do abono em setembro e outubro deste ano.
No total, por mês, os filantrópicos recebem cerca de 50% do total que é repassado pelo SUS a todos os hospitais. O que dá R$ 300 milhões. Esse repasse está em dia.
Mas ele não é o único valor repassado. Há mais 25% de abono (uma espécie de compensação pela tabela defasada) e mais uma verba mensal para pagar os atrasos do ano passado. O grande problema é que, em 98, não haverá mais pagamento de atrasados nem aumentos. Uma consequência direta seria a interrupção imediata de obras de nove hospitais em construção.

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